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Cortes de juros aos clientes derrubam ações de bancos

Papéis de Itaú e Bradesco perdem mais de 6% com a expectativa de analistas de que rentabilidade será menor; Ibovespa recua 2,28%

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Por Redação
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As ações dos bancos desabaram ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em resposta à redução dos juros do cartão de crédito anunciada nas últimas semanas. Segunda-feira, o Bradesco cortou as taxas em mais de 50%. Em agosto, o Itaú lançou novo cartão, que cobra juros menores. No início de setembro, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também divulgaram taxas mais baixas. As quedas foram lideradas pelo próprio Bradesco, com recuo de 6,64%. O Itaú veio a seguir, com perda de 6,01%. No caso específico do Itaú, também pesaram os efeitos do fechamento de capital da Redecard, que custará à instituição R$ 10 bilhões. No Santander, que ainda não anunciou redução específica para os juros do cartão, a baixa foi de 5,01%. As ações do Banco do Brasil perderam 3,1%. O desempenho dos papéis do setor puxou para baixo todo o Ibovespa, principal termômetro da bolsa brasileira. O índice perdeu 2,28% ontem. Vale ressaltar que a Caixa não tem capital aberto. Analistas que acompanham os bancos alertaram para a dificuldade de as instituições se adaptarem ao novo cenário econômico brasileiro, caracterizado por taxas de juros mais baixas. "Não ficaríamos surpresos se os bancos privados reduzissem ainda mais as taxas no cheque especial, o que representa uma potencial desvantagem mais significativa para os ganhos dessas instituições", escreveram, em relatório, os analistas do Credit Suisse. Eles acrescentaram que os resultados do terceiro trimestre devem reforçar as expectativas de um retorno sobre o patrimônio líquido menor.No caso específico do Bradesco, os analistas do Credit Suisse disseram que o banco precisa elevar o volume de financiamentos no cartão de crédito em 40% para compensar a redução de juros no rotativo sem efeito nos resultados. O problema é que o diretor executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, disse que o crescimento do cartão de crédito está em torno de 20% ao ano e deve continuar nesse nível. Segundo os analistas do Credit Suisse, caso não consiga aumentar os volumes, o Bradesco poderá ter impacto de 10% nos seus ganhos em 2013 por causa das novas taxas. Nas contas dos analistas do Goldman Sachs, o impacto sobre o resultado do Bradesco pode ser de 6,1%. Eles mostraram preocupação com o risco de uma seleção adversa, com atração de clientes problemáticos à procura de melhores condições de financiamento, o que pode elevar os custos de crédito. Para analistas, a tendência é os bancos reduzirem ainda mais os juros no cartão, como confirmou ontem o presidente do Itaú, Roberto Setubal. Segundo ele, a instituição terá taxas de juros máximas de um dígito no cartão todos os clientes até o fim. Setubal disse ainda que, no orçamento do banco para 2012, o Itaú já previa juros menores no crédito. / ALINE BRONZATI e BETH MOREIRA

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