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Cosan compra a Esso no Brasil por US$ 826 mi

A Petrobras e o grupo Ultra já haviam manifestado interesse pelo negócio

Por Cesar Bianconi , Aline Cury Zampieri e da Agência Estado
Atualização:

A Cosan S.A. anunciou nesta quinta-feira, 24, a compra da Esso Brasileira de Petróleo Ltda. e suas afiliadas por US$ 826 milhões. A operação, fechada com a ExxonMobil International Holdings, inclui ainda dívidas de US$ 163 milhões e US$ 35 milhões em créditos com partes relacionadas existentes ao final de 2007. Veja também:Ação da Cosan despenca após compra de operação da Esso Cosan aproximará distribuição e usina, diz sindicato A Cosan é um dos maiores produtores e vendedores de açúcar e álcool do mundo. A Companhia cultiva, colhe e processa a cana-de-açúcar – principal matéria-prima utilizada na produção de açúcar e álcool. Em nota, a empresa afirma que "a aquisição garantirá à Cosan uma posição de liderança nos crescentes mercados de etanol e de distribuição de combustíveis no Brasil, permitindo à empresa aumentar o seu portfólio com produtos compatíveis com seus ativos produtivos e logísticos". O diretor vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da Cosan, Paulo Diniz, disse ainda que a compra dos ativos da Esso proporcionará significativos ganhos de sinergia na área logística. "Grande parte dos postos da Esso está na região Sudeste, principalmente em São Paulo, onde estão localizadas nossas usinas. A proximidade entre os postos e as nossas usinas proporcionará ganhos logísticos", disse o executivo em teleconferência. Segundo ele, a aquisição proporcionará para a Cosan uma melhor gestão dos estoques de etanol, otimizando os custos de estocagem. "Nenhum produtor irá saber como nós o momento ideal para comercializar o etanol", acrescentou Diniz. No negócio, a Cosan firmou contrato de longo prazo relativo ao direito de uso da marca Esso no Brasil. Segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), a Esso detém a quinta posição no mercado nacional de distribuição de combustíveis. Ao todo, são 1,5 mil postos por todo o País. "É vital assegurarmos um canal de distribuição para o nosso etanol", disse o executivo. O contrato entre a Cosan e a ExxonMobil International Holdings está sujeito a determinadas condições precedentes, usuais para operações desta natureza, e será concluído ao final do período de transição. Recursos e investimentos De acordo com fato relevante da Cosan, a transação não está condicionada a obtenção de financiamentos. "A Cosan, entretanto, buscará custear a aquisição de forma a otimizar sua estrutura de capital. Sendo assim, a Cosan pretende utilizar os US$ 310 milhões em recursos adicionais oriundos da participação de acionistas minoritários no aumento de capital por subscrição privada concluída em janeiro de 2008, e possivelmente financiar o restante", afirmou a companhia. Segundo a Cosan, dessa maneira os recursos provenientes da abertura de capital da Cosan Limited serão preservados para o desenvolvimento das atividades de etanol, açúcar e co-geração de energia. Haverá um período de transição para assegurar a continuidade do negócio, incluindo a migração dos serviços compartilhados fornecidos pela ExxonMobil a partir de outros países e da plataforma de tecnologia de informação para um ambiente exclusivo e segregado na operação do Brasil. "Esse período também permitirá à Cosan escolher o melhor momento para acessar os mercados de capitais nacionais e internacionais de forma a otimizar sua estrutura de capital e proteger o interesse de seus acionistas", informou a companhia. Concorrência A Petrobras já havia manifestado publicamente que estava na disputa pelos ativos da Esso no Brasil. O grupo Ultra também tinha interesse no negócio. Após o anúncio da Cosan, a Petrobras informou que não comentaria a compra dos ativos da Esso no Brasil pela companhia. O diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, confirmou em 31 de março último que foi feita proposta de compra da área de distribuição da Esso no Brasil. Ele, no entanto, não informou se a proposta foi feita pela empresa sozinha ou em parceria. "Só posso dizer que houve uma proposta. Mas o tempo é do vendedor. Não tem prazo para a divulgação do resultado. Caberá a decisão ao vendedor", disse ele, após a cerimônia de inauguração das obras de terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Os rumores do mercado indicavam que a estatal estaria em parceria com a distribuidora AleSat para a aquisição da Esso. Costa, no entanto, não se pronunciou sobre o assunto. Segundo fontes do mercado, a Petrobras ficaria com os postos da Esso fora do Brasil e a distribuidora com o mercado interno. Ainda de acordo com as mesmas fontes, o Grupo Ultra, que estaria interessado em participar desta parceria, foi excluído do negócio e apresentou proposta sozinho.

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