
06 de agosto de 2020 | 09h06
Atualizado 06 de agosto de 2020 | 18h11
O clima de cautela voltou a tomar conta dos mercados nesta quinta-feira, 6, motivado pelas incertezas quanto a recuperação da economia no pós-covid. Contudo, em sintonia com Nova York, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, achou espaço para encerrar com alta de 1,29%, aos 104.125,64 pontos, apesar dos ganhos terem sido mais contidos no final, com a falta de ímpeto das ações de Petrobrás e Vale. A busca por ativos mais seguros também influenciou o dólar, que voltou a subir e fechou com alta de 0,95%, a R$ 5,3432.
Com a porta deixada aberta ontem pelo Copom para juros abaixo de 2%, após corte de 0,25 ponto porcentual, o índice voltou a ganhar alguma força, emendando hoje a segunda sessão de retomada, embora em grau um pouco inferior ao observado no início da tarde, quando alcançou a marca de 104.523,28 pontos na máxima da sessão.
Com balanços, pacote fiscal e tensões EUA-China, mercados internacionais têm manhã volátil
Muito vinculadas ao cenário externo, as ações de commodities, que contribuíram para dar impulso ontem ao Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, perderam o ímpeto - hoje, os contratos futuros fecharam em queda, de 0,18% para o Brent e de 0,57% para o WTI. Em resposta, Petrobrás sem muita força, com alta de 0,17% para a PN e de 0,34% para a ON. O setor de siderurgia também foi afetado e a mineradora Vale teve baixa de 0,98%.
Porém, o desempenho positivo do índice nesta quinta foi assegurado pelos bancos. Em dia de balanço do Banco do Brasil, o setor, de maior peso no índice, contribuiu para o avanço do Ibovespa. BB ON subiu 3,06%, à frente de Bradesco ON, com 1,39% e de Itaú PN, com 1,40%, assim como da unit do Santander, de 2,76%.
Com os resultados de hoje, a Bolsa acumula ganho de 1,18% nesta primeira semana de agosto, após perda acumulada de 0,11% até ontem - no ano, cede agora 9,96%.
Por mais uma sessão, o ouro voltou a fechar o dia em alta, renovando novamente sua máxima histórica, com ajuda do quadro global incerto e do baixo rendimento dos títulos públicos americanos. Hoje, o metal precioso para dezembro encerrou com ganho de 0,98%, a US$ 2.069,4 por onça-troy.
O dólar ganhou força hoje ante moedas emergentes e o real só não foi novamente a divisa com pior desempenho, porque a lira turca despencou para nível recorde de baixa. No mercado doméstico, o fato de o Banco Central ter deixado a porta aberta para futuro corte da taxa básica de juros ajudou a pressionar o câmbio, assim como o aumento da preocupação com a questão fiscal brasileira.
Com a Selic em nível histórico de baixa e o juro real ao redor de zero, gestores alertam para a chance de saída de capital do Brasil dos próprios brasileiros, em busca de maior retorno no exterior, o que vai contribuir para pressionar ainda mais o câmbio
Na avaliação do gestor da Kinea Investimentos, Marco Freire, há chance de novo corte de juros se o governo sinalizar que vai honrar o teto da dívida. Ele avalia que a atividade ainda estará enfraquecida no final do ano, com desemprego alto e inflação abaixo da meta. "Nesse cenário, se honrar o teto, tem hipótese razoável de novo corte", disse ele em live do BTG Pactual hoje, ressaltando que o fiscal do Brasil está "muito desafiador"
Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é negociado perto de R$ 5,55. Já o dólar para agosto fechou com alta de 0,73%, a R$ 5,3385.
Em Nova York, o dia foi mais positivo, com os índices apoiados pelo dado de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA - hoje, o indicador apontou para queda de 249 mil nos novos pedidos, a 1,186 milhão, ante previsão de 1,423 milhão dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Com isso, Dow Jones subiu 0,68%, S&P 500 avançou 0,64% e o Nasdaq ganhou 1%, além de novamente bater recorde de cotação para um fechamento, aos 11.108,07 pontos.
Já a Europa registrou queda generalizada, após a falta de disposição do Banco da Inglaterra em trabalhar mais ativamente para combater os efeitos da covid-19 na economia - a decisão azedou os mercados, principalmente a Bolsa de Londres, que teve queda de 1,27%. O Stoxx 600 também caiu 0,73%, enquanto Paris e Frankfurt cederam ambas 0,54%. Já Milão, Madri e Lisboa perderam 1,34%, 1,16% e 0,56% cada.
Os mercados da Ásia ficaram sem direção única, de olho nos impasses em torno da aprovação do pacote de estímulos fiscais de US$ 1 trilhão dos Estados Unidos e também com o aumento das tensões entre o país e a China. Hoje, Mike Pompeo voltou a anunciar novas restrições para empresas chinesas que estão em solo americano. Com isso, o índice chinês Shenzhen Composto caiu 0,62%, mas o Xangai Composto subiu 0,26%. O Hang Seng recuou 0,69% em Hong Kong e o japonês Nikkei caiu ,43%. Já o sul-coreano Kospi avançou 1,33% e o Taiex se valorizou 0,87% em Taiwan. Na Oceania, a bolsa australiana subiu 0,68%./LUÍS EDUARDO LEAL, MAIARA SANTIAGO E ALTAMIRO SILVA JÚNIOR
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