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Bolsa fecha em queda e dólar sobe a R$ 5,59 após Trump pedir o fim das negociações por estímulos

Presidente americano instruiu os republicanos a não negociarem medidas de incentivo com os democratas até pelo menos as eleições de 3 de novembro

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Por Redação
Atualização:

O mercado brasileiro fechou com perdas nesta terça-feira, 6, após Donald Trump informar que instruiu os republicanos a pararem as negociações de novos estímulos fiscais até depois da eleição de 3 de novembro. Nesse cenário, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou com leve baixa de 0,49%, aos 95.615,03 pontos, enquanto o dólar teve valorização de 0,50%, e terminou o dia a R$ 5,5952. Resultados negativos também foram sentidos no mercado acionário de Nova York, onde os índices fecharam em forte queda. 

Dólar Foto: Reuters

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"Imediatamente após minha vitória, aprovaremos uma importante lei de estímulo que se concentra nos americanos trabalhadores e nas pequenas empresas", escreveu Trump em sua conta oficial no Twitter. Mais cedo, ele rejeitou a proposta do Partido Democrata para mais estímulos à economia.

O líder da Casa Branca também afirmou que o montante de US$ 2,4 trilhões em estímulos, proposto pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, serviria para resgatar estados democratas "mal administrados e com alto índice de criminalidade". "Fizemos uma oferta muito generosa de US$ 1,6 trilhão de dólares e, como sempre, ela [Pelosi] não está negociando de boa fé. Rejeito o pedido deles e olho para o futuro do nosso país", enfatizou Trump.

Em Nova York, após o anúncio, o Dow Jones fechou com queda de 1,34%, o S&P 500 teve baixa de 1,40% e o Nasdaq recuou 1,57%. Antes da queda do mercado acionário americano, a Bolsa brasileira operava em alta, entre os 96 mil e os 97 mil pontos. Apesar da queda de hoje, o índice avança 1,70%, com ganho a 1,07% em outubro e perda a 17,32% no ano.

Por aqui, ajudou a evitar maiores perdas no mercado a aproximação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Após um jantar na noite da última segunda-feira, 5, eles voltaram a se comprometer com a agenda de reformas, além da percepção de esforço, no governo, para encontrar uma fonte de financiamento para o programa Renda Cidadã, sem furar o teto de gastos. Além disso, a expectativa do relator Márcio Bittar, de entregar a proposta de financiamento para o programa social na semana que vem, também ajudou a conter maiores estragos.

Após a sinalização na última terça-feira, 5, de Bittar, de que a solução para o auxílio social ficará dentro do teto e terá o "carimbo" de Guedes, "é preciso uma resposta efetiva do governo, com o avanço da agenda de reformas, para o prêmio da curva de juros ser devolvido e justificar um maior alívio com relação ao rumo do fiscal", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Apesar das pazes entre Maia e Guedes, existem muitas dúvidas sobre a forma de financiamento do Renda Cidadã e os investidores aguardam na defensiva pelo projeto", acrescenta o analista.

Ao final do pregão, Petrobrás Pn e On mostravam perda de 0,50% e 0,65%, apesar da alta vista nos preços do petróleo o exterior: o WTI para novembro encerrou com alta de 3,70%, a US$ 40,67 o barril, enquanto o Brent subiu 3,29%, a US$ 42,65 o barril, após o furacão Delta avançar no Golfo do México, com a ameaça de paralisar parte da produção local de petróleo.

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Ainda hoje, ganhos moderados foram vistos entre os bancos e ficaram restritos a Itaú, com 0,18% e Santander, com 0,25%. Na ponta do Ibovespa, destaque para o segmento de viagens e turismo, com CVC em alta de 9,34%, e Gol, de 7,30%, ambas com ganhos na casa de dois dígitos até a fala de Trump, limitados então assim como Azul, em avanço de 6,50% no fechamento.

Câmbio

O dólar teve dia de forte volatilidade. Caiu a R$ 5,48 pela manhã e foi a R$ 5,61 no final da tarde. Mais cedo, a trégua entre Guedes, e Maia ajudou a fortalecer o real, mas nos negócios da tarde foi o noticiário externo que ditou o ritmo das cotações. Primeiro veio o alerta do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a necessidade de estímulos fiscais para reaquecer a economia americana, que está perdendo fôlego. Em seguida, o dólar voltou a superar R$ 5,60 quando Donald Trump barrou as negociações por novos estímulos. 

Para o estrategista chefe da Infinity Asset, Otávio Aidar, o jantar ontem dos dois ajudou a clarear o ambiente, mostrando que as lideranças estão falando a mesma língua. "Se o Brasil der sinalização crível que vai cumprir o teto e vai ter responsabilidade fiscal, o mercado melhora", afirma ele. "O real tem apanhado bastante. Tudo tem girado em torno do fiscal no mercado doméstico", destaca.

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Já a declaração de Powell ao pedir mais estímulos fiscais ajudou a piorar o mercado internacional de moedas, ressalta o estrategista da Infinity. O dólar passou a ganhar força ante moedas fortes e emergentes, movimento que se acelerou após o pedido de Trump aos republicanos de pararem as negociações até depois das eleições. "As moedas desabaram quando Trump tirou o plugue das conversas sobre os estímulos", observa a diretora da BK Asset Management, Kathy Lien. O inesperado anúncio, avalia ela, pode desencadear um movimento maior de aversão a risco no mercado financeiro mundial.

Uma das evidências é que o dólar ganhou força de forma generalizada e o iene foi uma das poucas divisas a se valorizar. A moeda japonesa se transformou no maior porto seguro dos mercados em momento de fuga do risco. Para a executiva, esta tendência deve continuar pela frente, na medida em que os mercados vinham se apoiando nos últimos dias na promessa de um acordo no Congresso./LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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