Publicidade

Dólar cai 2,5% e Bolsa sobe com aprovação em 1º turno da PEC do auxílio emergencial

Análise da medida na Câmara dos Deputados ajudou Ibovespa avançar 1,3%; além disso, mercado também comemora aprovação do pacote de estímulos de US$ 1,9 tri nos EUA

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os ativos locais seguem espelhando a melhora do humor no exterior e no Brasil, com a aprovação da PEC que libera uma nova rodada do auxílio emergencial em primeiro turno na Câmara e a expectativa de que o texto também passe em segundo turno ainda nesta quarta-feira, 10. Hoje, o dólar fechou em queda de 2,50%, cotado a R$ 5,6526, enquanto a Bolsa brasileira (B3), teve alta de 1,30%, aos 112.776,49 pontos.

PUBLICIDADE

O Ibovespa refletiu de perto a votação da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados e entre a definição do primeiro turno, na madrugada, e do segundo turno, encaminhado nesta tarde, a reação oscilou do positivo ao negativo, com alguns momentos de susto, como a abertura de brecha para progressão de carreira no funcionalismo público. Além disso, em outra mudança de última hora, o plenário da Câmara derrubou dispositivo da PEC que daria mais flexibilidade ao governo na gestão do Orçamento, ao aprovar destaque do PDT que retira do texto a possibilidade de desvinculação de receitas hoje carimbadas para órgãos, fundos ou despesas específicas.

"O Ibovespa chegou a cair mais de 1% com a notícia de que o governo discutiu acordo para diminuir a potência fiscal da PEC Emergencial, permitindo a promoção de servidores quando a cláusula de calamidade estiver acionada", observa Júlia Aquino, especialista da Rico Investimentos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso nesta quarta-feira. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Em Wall Street, as Bolsas de Nova York subiram após a aprovação do pacote de estímulos fiscais de US$ 1,9 trilhão pelo Congresso americano, que deve ser sancionado já na próxima sexta-feira por Joe BidenO Dow Jones fechou em alta de 1,46%, renovando máxima recorde de fechamento, o S&P 500 avançou 0,60% e o Nasdaq teve queda de 0,04%.

"A PEC no Brasil e o pacote nos Estados Unidos ajudam a tirar o mercado daquele pessimismo de dias atrás, o que abre a possibilidade de recuperação de ações que estavam com os preços muito aviltados. As empresas estão aí; várias com resultados positivos e preços abaixo do merecido", afirma o gerente de renda variável da Commcor, Ariovaldo Ferreira.

O mercado também monitorou o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após ele ter voltado a se tornar elegível nesta semana. "Questão da vacina não é se tem dinheiro ou não, mas é questão de se eu amo a vida ou a morte", disse.  "Vou tomar vacina e dizer para o povo não seguir decisão imbecil do presidente ou ministro", completou.

Após o discurso, banco suiço Julius Baer mostrou preocupação com o populismo no governo Bolsonaro e o avanço das reformas necessárias para o País. Por isso, neste momento, prefere não tomar posições na Bolsa brasileira, avaliando outras regiões como melhores opções por ora.

Publicidade

Entre os segmentos do Ibovespa, destaque negativo nesta sessão para mineração e siderurgia. "Nesta quarta-feira, os futuros do minério de ferro na China caíram para o menor nível em quatro semanas, pressionados por medidas mais duras contra poluição no principal polo siderúrgico de Tangshan, além de alívio com preocupações quanto à oferta da matéria-prima", diz Júlia Aquino, da Rico. Assim, Vale ON fechou em baixa de 1,54%, com as perdas no setor de siderurgia chegando a 3,22% para Usiminas.

Destaque positivo para Petrobrás ON e PN, com ganhos de 4,21% e 3,47% cada. Entre os bancos, BB ON subiu 3,14%.  Na semana, o Ibovespa cede 2,11%, colocando os ganhos do mês a 2,49% - em 2021, perde 5,24%

Câmbio

Em dia de noticiário intenso no mercado doméstico externo, o dólar firmou queda ante o real logo pela manhã, momento em que o Banco Central fez sua primeira intervenção no mercado, vendendo US$ 1 bilhão em swap cambial, equivalente a venda de dólares no mercado futuro. No exterior, a moeda americana teve dia de baixa generalizada, após dados da inflação mostrarem preços comportados nos Estados Unidos e, no final do dia, a aprovação do pacote fiscal de Joe Biden.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Causou estranheza no mercado um segundo leilão de dólares do BC no início da tarde, de US$ 405 milhões, já com a divisa dos EUA em queda firme. Para profissionais das mesas de câmbio, a oferta pode ser para dar liquidez a estrangeiros deixando o país ou o temor do BC de mais pressão na inflação do dólar alto, que tem levado uma série de bancos, como Barclays, Itaú e JPMorgan, a revisar suas projeções para o IPCA e para a taxa básica de juros. Com isso, o dólar fechou na maior queda em dois meses.

As análise negativas sobre o Brasil e o real têm se proliferado nos últimos dias. Os estrategistas do banco suíço UBS resolveram encerrar suas apostas compradas na divisa brasileira, ou seja, que ganham com sua valorização. Prevendo que a volatilidade vai seguir muito alta no câmbio, em meio a piora da pandemia e atrasos na vacinação, além do risco de mais medidas populistas por Jair Bolsonaro, o banco prefere ficar de lado no curto prazo, observando os movimentos.

No exterior, o dólar passou a firmar queda após a divulgação de dados da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mostrar números comportados. O núcleo subiu 0,1% em fevereiro, ante 0,2% do esperado pelos analistas. O economista do Commerzbank, Christoph Balz, avalia em relatório que a pressão nos preços nos EUA está concentrada nos combustíveis e alimentos. A tendência é de aumento pela frente, mas hoje as taxas de retorno dos juros longos americanos caíram, ajudados também pelo leilão de títulos do Tesouro, de US$ 38 bilhões em papéis de 10 anos, o que ajudou a retirar pressão dos ativos de risco e moedas de emergentes. /LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.