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Bolsa avança 0,7% e dólar sobe de olho em auxílio emergencial e cenário fiscal do País

Apesar da movimentação do governo em torno da volta do benefício, dentro do teto, mercado teme que gastos com o auxílio tragam duras consequências para as contas públicas do País

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Por Redação
Atualização:

Bolsa brasileira (B3) fechou com alta de 0,73%, aos 119.299.83 pontos, em um dia de ganhos contidos por conta do sinal misto de Nova York. Já o dólar subiu 0,32% e terminou cotado a R$ 5,3883. Hoje, os investidores monitoraram as conversas em torno do auxílio emergencial, em meio ao sinal do governo e líderes políticos de que o benefício deverá voltar, mas dentro do teto de gastos. No entanto, o temor do mercado ainda é de descontrole das contas públicas e aumento da dívida.

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"O ímpeto da compra perdeu bastante força após Bolsonaro confirmar que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por mais três ou quatro meses a partir de março. Segundo o presidente, a equipe econômica estuda, com o Congresso, uma alternativa para não violar o teto de gastos. A questão é que essa contrapartida não seria por novas alternativas de receita, agenda de reformas ou redução de gastos, mas sim por nova 'PEC da Guerra' com uma cláusula de calamidade pública, como citado por Guedes nesta semana, vide a urgência", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Hoje, com o mercado refeito do tombo nas vendas do varejo em dezembro, prevaleceu especialmente pela manhã o otimismo suscitado pela aprovação da autonomia do BC, na Câmara. A princípio, a tranquila aprovação da proposta foi vista como sinal de força do governo no Congresso, em momento no qual precisa do alinhamento do Centrão tanto para avançar as reformas como para encaminhar nova rodada de auxílio emergencial, mais curta e modesta, de forma a minimizar o custo fiscal.

Com risco fiscal, por conta de volta do auxílio, Bolsa fechou com ganhos contidos. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O "caminho técnico" prometido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), é bem-vindo, mas a incerteza sobre de onde sairão os recursos para bancar a extensão do auxílio mantém na mesa a preocupação do mercado quanto à situação fiscal.

"Guedes mostrou habilidade política ao falar em responsabilidades compartilhadas entre Executivo e Legislativo, no que seria um conselho fiscal, para evitar que, depois, o Executivo venha a ser acusado de furar o teto. De saída, ele segura a pressão, mas há muito ainda por ser definido, daí a cautela que se viu nesta tarde", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. "Embora positiva, a autonomia do BC era algo não tão complicado para aprovar, de forma que ainda se espera pela devida ênfase nas reformas, que precisam voltar a andar", acrescenta

O diretor executivo para as Américas da consultoria Eurasia, Christopher Garman, considera que o governo tem capital político para obter novas vitórias em pautas de interesse, mas ressalva que a janela para aprovação de reformas tende a se fechar até o fim do ano, dada a aproximação do calendário eleitoral. Paralelamente, a agenda segue exposta ao risco de agravamento da crise sanitária, acrescenta o analista político.

Na Bolsa, o segundo dia de recuperação parcial nas ações de Petrobrás, com PN e ON em altas de 1,01% e 0,93% cada contribuiu para mitigar o efeito da perda de 1,69% em Vale ON e do desempenho moderado dos bancos, com Banco do Brasil ON e Santander em altas de 0,38% e 1,02% cada e também no de siderurgia, apesar da queda de 3,98% para CSN, maior perda do dia no Ibovespa. Na semana, as perdas do índice estão agora em 0,78%, com ganho no mês a 3,68% e leve avanço de 0,24% no ano.

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Em fevereiro, a retomada do Ibovespa ainda conta com o apoio do investidor estrangeiro, embora com ingressos líquidos mais acomodados do que os observados entre novembro e janeiro. Caminhando para a metade de um mês mais curto - e com B3  fechada na próxima segunda e terça-feira, pelo Carnaval - o saldo estrangeiro está positivo em R$ 905,665 milhões, com entrada até aqui em 2021 de R$ 24,461 bilhões, de acordo com dados referente até o dia 9.

Em Nova York, as Bolsas fecharam mistas. Dow Jones caiu 0,02%, mas S&P 500 Nasdaq tiveram ganhos de 0,16% e 0,32% cada, além de baterem recordes de fechamento.

Câmbio

O dólar operou hoje sem muito fôlego, com forte volatilidade pela manhã e quedas em alguns momentos pela entrada de fluxo. Nos negócios da tarde, tentou firmar alta, por causa da preocupação com a situação fiscal do Brasil. Profissionais das mesas de câmbio comentam que, na ausência de detalhes concretos de como o governo pretende financiar a esperada prorrogação do auxílio emergencial, o câmbio ficará volátil. Por isso, mesmo com o dólar em queda ante emergentes, como o México, Colômbia e África do Sul, o real novamente não acompanhou o movimento. O dólar para março, no entanto, fechou em queda de 0,42%, a R$ 5,3685.

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Para o economista-chefe de uma grande gestora, o mercado ainda está reagindo de forma até comedida, em meio ao vaivém de informações, esperando uma solução mais definitiva para o auxílio. A visão, disse ele, ainda é que Guedes vai conseguir uma solução e, mesmo sem ela, o Congresso não reagiria à revelia do Planalto neste momento, especialmente quando se leva em conta que Lira e Pacheco foram eleitos com apoio de Bolsonaro, disse este executivo.

Na avaliação do estrategista de mercados emergentes do banco suíço Julius Baer, Mathieu Racheter, o cenário mais provável é de extensão do auxílio no Brasil, o que ocorre em momento particularmente difícil, com atividade perdendo fôlego e falta de espaço fiscal do governo. Por isso, o risco é a aprovação da medida, dependendo de como for feita, levar a uma piora adicional do câmbio e mais inclinação da curva de juros. "O governo tem pouco espaço para estender o estímulo fiscal sem burlar o teto, principal âncora fiscal do Brasil", escreve em nota a clientes./ LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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