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Bolsa fecha em alta de 0,8% na volta do feriado; dólar vai a R$ 5,41

No Ibovespa, chamou atenção os ganhos de Petrobrás, Usiminas e CSN, enquanto setor bancário teve desempenho misto; no câmbio, risco fiscal do País ainda preocupa

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Por Redação
Atualização:

Com o noticiário econômico local esvaziado, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou em alta de 0,78%, aos 120.355,79 pontos na tarde desta quarta-feira, 17, conseguindo manter o importante patamar dos 120 mil pontos, apesar do clima misto em Nova York, na volta do feriado do carnaval. No câmbio, o dólar teve alta de 0,76%, cotado a R$ 5,4152.

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Os negócios reduzidos nesta Quarta-feira de Cinzas afetaram principalmente o dólar, que persistiu incomodado com a situação fiscal do Brasil, que teve como ruído hoje a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ). A visão nas mesas de operação é que o episódio pode tirar, ainda que momentaneamente, o foco do Congresso da agenda econômica. A escassez de vacinas e os casos em outros estados da variante de Manaus também ficaram no radar dos investidores.

A esperada divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não teve maiores impactos no mercado de moedas, na medida em que reforçou a mensagem de manutenção dos estímulos que os dirigentes do Fed já vêm sinalizando nos últimos dias. Além disso, a entidade monetária alertou que a pandemia continua um "risco considerável" para o cenário econômico. "Não houve surpresas. Os dirigentes do Fed não estão com pressa para subir os juros ou reduzir as compras de ativos", avalia o estrategista-chefe do canadense TD Bank, Jim O'Sullivan, em nota, prevendo que estes movimentos podem ocorrer em 2022.

Bolsa brasileira se manteve firme aos 120 mil pontos na volta do feriado de carnaval. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Durante o feriado de carnaval, com Jair Bolsonaro em Santa Catarina, não houve novidades públicas sobre as discussões do auxílio emergencial. Por isso, o tema seguiu gerando cautela no mercado. O economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, observa que a tentativa de recriar o auxílio reforça a visão de que o governo vai acabar colocando o teto de gastos de lado. Isso colocaria a trajetória da dívida em nível insustentável, com reflexo muito negativo no câmbio e juros futuros.

O sócio da Acqua Investimentos, Bruno Musa, afirma que há insegurança em relação às tratativas para retomada do auxílio emergencial. "Mesmo que o teto de gastos não venha a ser furado e a PEC Emergencial com cláusula de calamidade pública seja aprovada pelo Congresso, o endividamento do país continuará subindo cada vez mais e isso aumenta a desconfiança do investidor sobre o Brasil e o real se desvaloriza", ressalta ele.

No exterior, os pares do real operaram negativos hoje, destaca o gerente da mesa de câmbio da Tullet Prebon Brasil, Italo Abucater. Por isso, o mercado de câmbio local também acompanhou esse fortalecimento do dólar no exterior após novos dados americanos hoje ampliarem os sinais de maior força da economia americana. Por aqui, o dólar a moeda para março fechou em alta de 0,79%, a R$ 5,4160.

Pesquisa do Bank of America com investidores de América Latina mostra que a maioria destes profissionais (58%) vê dólar abaixo de R$ 5,10 no fim do ano. Já uma minoria (12%) acha que a moeda americana pode até cair abaixo de R$ 4,80 ao final de 2021. Além disso, subiu de 50% em janeiro para 74% este mês o porcentual desses profissionais que acreditam que haverá "alguma flexibilização" no teto de gastos, citando como maior risco para o Brasil uma rápida deterioração das contas públicas.

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Bolsa

Em sessão curta e com poucos catalisadores disponíveis, as principais ações do Ibovespa conseguiram se alinhar ao bom desempenho de alguns títulos brasileiros no dia anterior em Nova York, quando Wall Street também retornava de feriado, na segunda feira. Hoje, com petróleo fechando em alta, as ações da Petrobrás fecharam em alta de 4,14% (ON) e de 4,04% (PN), enquanto Vale ON avançou 2,62%. Destaque também para o setor de siderurgia, especialmente Usiminas, com ganho de 5,78%, CSN, com 2,89% e Gerdau PN, com 1,45%. Em fevereiro, o Ibovespa avança 4,60%, elevando o ganho no ano a 1,12%.

"A alta do petróleo, refletindo a nevasca que atinge o estado do Texas, um dos maiores produtores dos EUA, impulsionou as ações da Petrobrás. E as ações ligadas às commodities metálicas subiram com o resultado acima do esperado para Rio Tinto - e perspectivas da empresa, de que o preço do minério de ferro seguirá firme ao longo deste ano", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Ele chama atenção para o Ibovespa estar "novamente próximo da região de 121/120 mil pontos, resistência intermediária que vem segurando o mercado neste mês."

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Nesta quarta, os bancos tiveram desempenho misto, com Itaú PN em alta de 1,26% e Bradesco ON, baixa de 1,03%. Na ponta do Ibovespa, Embraer fechou em alta de 14,09%, com o Goldman Sachs tendo elevado o preço-alvo dos ADRs da empresa negociados em Nova York. As ações da Embraer foram beneficiadas também por comentários do CEO da Lufthansa, sobre "a necessidade de adequar pedidos anteriores a pandemia por aviões maiores, em aeronaves de alcance mais ajustado a menores rotas e ao novo normal", aponta em nota a Ativa Investimentos. "Em sua fala, o CEO proferiu que, além de Boeing e Airbus, está em negociações com a Embraer", acrescenta a gestora.

Em Nova York, Dow Jones fechou em alta de 0,29%, novo recorde histórico, enquanto S&P 500 Nasdaq caíram 0,03% e 0,58% no horário acima. Por lá, investidores monitoraram a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que apontou para um ritmo mais moderado de recuperação da economia e do emprego nos Estados Unidos nos últimos meses. Ainda segundo o documento, para manter a política acomodatícia é essencial para fomentar a retomada e inflação na meta. A ata afirma ainda que a "compra de ativos continuará até que haja progresso rumo à meta de inflação e emprego"./ ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, LUÍS EDUARDO LEAL E MAIARA SANTIAGO

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