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Bolsa se descola de Nova York pela segunda vez seguida e fecha em alta; dólar cai

Ações da Vale e do Banco do Brasil ajudaram o Ibovespa a se manter nos 122 mil pontos nesta terça-feira; no câmbio, megaleilão realizado pelo Tesouro deu força ao real

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Por Redação
Atualização:

Pelo segundo dia consecutivo, a Bolsa brasileira (B3) ignorou a queda do mercado de Nova York, para fechar em alta nesta terça-feira, 18, com leve ganho de 0,03%, aos 122.979,96 pontos. Durante boa parte da sessão, o Ibovespa se manteve acima dos 123 mil pontos, alcançando o maior nível intradia desde 14 de janeiro. No câmbio, um megaleilão de papéis feito pelo Tesouro brasileiro ajudou o real, com o dólar em queda de 0,22%, cotado a R$ 5,2545.

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Já é o quarto pregão seguido em que a Bolsa fecha em alta. Na semana, o Ibovespa avança 0,90% e, no mês, 3,44% - no ano, os ganhos chegam agora a 3,33%. Na máxima, o índice bateu nos 122.896,35 pontos. "A queda do setor de construção, após relatório pessimista do Credit Suisse quanto ao rumo do segmento neste ano - e, por consequência, rebaixando a recomendação para as ações -, ajuda a explicar o fato do Ibovespa ter perdido força ao teste de 123 mil pontos", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Hoje, os contratos de petróleo cederam pouco mais de 1% no exterior, pressionados pela chance do Irã selar um novo acordo nuclear amanhã. "Se o Irã obtiver rapidamente a conformidade nuclear, os mercados poderão ver mais oferta em meados do verão (do hemisfério norte)", observa em nota o analista Edward Moya, da corretora OANDA, em Nova York. O excesso de oferta do óleo é uma preocupação constante de investidores, já que a demanda ainda vem sendo afetada pelo isolamento causado pela covid-19.

Apoiado nas ações da Vale e do setor financeiro, Ibovespa fechou em alta. Foto: Werther Santana/Estadão-30/11/2018

Devolvendo parcialmente os ganhos de ontem, Petrobrás PN e ON encerraram hoje respectivamente em baixas de 1,16% e 1,31%. Com isso, o maior apoio do índice veio novamente da Vale, em alta de 1%, e da CSN, com ganho de 1,65%. O setor bancário também também ajudou, com Banco do Brasil ON e Bradesco ON avançando 1,39% e 1,60% cada.

A alta de 2,32% da Eletrobrás PNB também chamou atenção, após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicar que a votação de MP sobre a privatização da empresa, prevista para hoje, será pautada para amanhã, após debate do relator com todas as lideranças e bancadas.

"A Bolsa tem sido favorecida por uma combinação de notícias e fatos positivos, que vão do avanço acumulado pelas commodities nos últimos 30 dias à melhora das projeções para o PIB do Brasil. Muita atenção para amanhã, dia em que haverá o depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello à CPI da Covid e, especialmente, a ata do Fed [Federal Reserve, o banco central americano], com o mercado em busca de eventual sinal sobre a possibilidade de elevação de juros nos Estados Unidos antes de 2023", diz Rodrigo Friedrich, sócio e head de renda variável da Renova Invest.

Em Nova York, de olho na disparada da inflação americana, os três maiores índices dos Estados Unidos, Dow JonesS&P 500 e Nasdaq caíram 0,78%, 0,85% e 0,56% cada.

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Câmbio

A volatilidade voltou a marcar o mercado de câmbio nesta terça-feira. O dólar subiu pela manhã, mas nos negócios da tarde ensaiou queda maior, chegando às mínimas de R$ 5,23 em meio a relatos de fluxo externo para o megaleilão de papéis com vencimento longo realizado hoje pelo Tesouro, que somou R$ 19,4 bilhões. O exterior positivo também ajudou, com o dólar nas mínimas em meses antes moedas fortes como euro. Porém, a ata do Fed e a CPI da Covid ainda afetam o câmbio. O dólar para junho recuou 0,31%, a R$ 5,2675.

O economista-chefe da BlueLine Asset Management, Fabio Akira, ressalta que o dólar vem se depreciando não só ante o real, mas ante outras moedas, como a do Canadá e do México. Essa última vem se valorizando por causa da aceleração do crescimento dos Estados Unidos, que beneficia diretamente a economia mexicana. "É uma conjuntura global que está beneficiando o real, além da redução do estresse de curto prazo (no Brasil)", disse ao Estadão/Broadcast.

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Pelo lado doméstico, Akira observa que havia enorme incerteza embutida nas cotações do câmbio, com risco de ruptura fiscal de curto prazo. Com a sanção do Orçamento, este quadro melhorou, mas para ele, o segundo semestre tende a ser bastante volátil para o câmbio. "A gente não está conseguindo ver melhora estrutural nessa frente fiscal. Acho que vamos nos deparar ao longo do segundo semestre com pressões para aumento de gastos", afirma o economista da BlueLine.

Hoje, o DXY, índice que mede o comportamento da moeda dos EUA ante divisas principais, caiu abaixo do patamar de 90 pontos, operando nas mínimas em quase três meses ante o euro e a libra. Para o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo, o catalisador desse enfraquecimento é a disparada da inflação americana, que pode pressionar economias desenvolvidas e emergentes. /LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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