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Após queda de mais de 20%, ações da Petrobrás fecham em alta nesta terça-feira

Papéis da estatal subiram mais de 8% e apoiaram o Ibovespa, que terminou com ganho de 2,3%, aos 115,2 mil pontos; dólar caiu e fechou cotado a R$ 5,44

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Por Redação
Atualização:

Após caírem mais de 20% na segunda-feira, 22, depois da interferência política no comando da empresa, os papéis de Petrobrás tiveram as maiores altas da Bolsa brasileira nesta terça-feira, 23, em um movimento de recuperação. As ações ON da estatal fecharam em alta de 8,86% e as PN, de 12,17%, na véspera da divulgação de seus resultados trimestrais. Com isso, a empresa já recuperou R$ 30,8 bilhões em valor de mercado, após perder R$ 102 bilhões nos últimos dois dias.

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O Ibovespa fechou aos 115.227,46 pontos, com alta de 2,27%, bem perto da máxima do dia, depois de ter fechado aos 112,6 mil pontos na segunda. Na semana, o índice da B3 acumula perda de 2,70% e, no mês, volta a mostrar ganho, de 0,14% - em 2021, cede 3,18%. Os papéis do Banco do Brasil subiram 6,64%, enquanto as ações ON e PNB da Eletrobrás somaram altas de 12,14% e 11,32% cada, principalmente após a notícia de que o governo vai enviar hoje ao Congresso, uma Medida Provisória para privatizar a estatal

O rebote visto na sessão decorreu mais de correção técnica, depois da queda superior a 20% observada ontem nas ações ordinárias e preferenciais da estatal, do que propriamente de novidades de peso que mitiguem o clima de intervenção política construído nos últimos dias pelo presidente Jair Bolsonaro. Hoje, a atenção do mercado se voltou para a reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, que deve convocar Assembleia Geral Extraordinária (AGE) em até 30 dias para votar a indicação de Joaquim Silva e Luna.

Interferênciade Bolsonaro nocomando da Petrobrás fez ações da estatal despencarem mais de 20% na segunda-feira. Foto: Antonio Lacerda/EFE

Na olsa, "houve exagero na correção de ontem, o que abriu espaço para a recuperação vista hoje. Esta questão da Petrobrás é recorrente, porque de certa forma a Petrobras é um veículo de política pública. Quando o câmbio e os preços internacionais sobem muito, há esta preocupação quanto a repasses ao consumidor", observa Marina Braga, líder de alocação na BlueTrade. "O que precisa ser visto agora é se o Luna e Silva manterá o programa de desinvestimentos, especialmente nas refinarias", acrescenta.

No entanto, ao longo da tarde, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enviou uma representação ao plenário da corte para pedir que a estatal não faça nenhuma alteração na sua presidência, até que o tribunal julgue se houve ou não interferência na empresa. Somado a isso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um segundo processo administrativo envolvendo a Petrobrás.

Marina chama atenção também para novo desgaste do ministro Paulo Guedes, tutor da agenda liberal do governo e que vem sofrendo uma série de derrotas, a última das quais a demissão de Roberto Castello Branco, por ele indicado ao cargo. Hoje, em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro fez afago público a Guedes. "Vivemos um momento muito difícil ano passado, e pude contar com grupo de 22 e depois 23 ministros para levar à frente as propostas e os meios. Uma das pessoas mais importantes nessa luta foi o ministro Paulo Guedes"

No Congresso, o relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial no Senado aciona os gatilhos do teto de gastos quando as despesas obrigatórias superarem 95% do total de despesas primárias na aprovação da lei orçamentária no Congresso. A medida altera o mecanismo atual, que aciona as medidas de contenção se o teto for rompido durante a execução do orçamento, ao longo do ano,

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O dispositivo foi incluído no relatório do senador Marcio Bittar (MDB-AC), formulado para destravar o auxílio emergencial. O Senado deve votar a PEC na próxima quinta-feira, 25. Se houver acordo, os senadores poderão aprovar a medida em dois turnos e enviar o texto para a Câmara logo na sequência. Na mesma proposta, está autorizada uma nova rodada do auxílio emergencial sem redução de despesas para compensação.

Câmbio

dólar terminou em queda de 0,21%, cotado a R$ 5,4422 e devolveu hoje parte da alta de ontem, mas o movimento de queda perdeu força na reta final do pregão e a moeda ainda segue acima dos R$ 5,40. O cenário externo ajudou, sobretudo com declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, que contribuíram para minimizar temores de disparada da inflação nos Estados Unidos. No noticiário interno, o Congresso e o governo se empenharam em mostrar comprometimento com o avanço  as reformas. Operadores, porém, ressaltam que o quadro de incerteza com Brasília permanece muito alto e é difícil o real se valorizar neste momento. O dólar para março fechou em queda de 0,47%, a R$ 5,4435.

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No mercado doméstico, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt, que substituiu Guedes em evento, avaliou que o processo de reformas vai se acelerar agora. “Temos altas expectativas de que a troca do comando na Câmara e no Senado será boa para as reformas. O processo de reformas vai acelerar agora, não estava tão rápido como desejávamos”, avaliou.

A analista de mercados da inglesa Capital Economics, Franziska Palmas, não vê melhora política em Brasília pela frente. Com isso, o real deve ser uma das poucas moedas de emergentes a se depreciar ante o dólar nos próximos dois anos, comenta, em nota nesta terça-feira. No cenário da consultoria, o teto de gastos será desrespeitado pelo governo, especialmente com vistas a eleição de 2022. Com isso, o dólar deve terminar o ano ao redor de R$ 5,45 e subir a R$ 5,75 ao final do ano que vem./ LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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