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Queda em Nova York faz Bolsa fechar aos 95 mil pontos e dólar disparar a R$ 5,58

Tombo das ações de tecnologia no mercado acionário dos EUA fortaleceu o clima de aversão aos riscos e fez com que os investidores buscassem por proteção na moeda americana

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Por Redação
Atualização:

A piora vista no mercado acionário de Nova York perto do final do pregão, motivada por uma nova queda das ações de tecnologia, contaminou a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, que acelerou o ritmo de perdas nesta quarta-feira, 23, e fechou com queda de 1,60%, aos 95.734,82 pontos, no menor nível desde o dia 30 de junho. O ambiente de fuga do risco vindo de fora fez também com que os investidores buscassem proteção no dólar ao redor do globo. Como resposta, a divisa fechou por aqui com forte valorização de 2,15%, a R$ 5,5869.

Hoje, o Nasdaq encerrou com queda de 3,02%, o Dow Jones cedeu  1,92% e o S&P 500 recuou 2,37%. Por lá, as ações de Apple cederam 4,19%. Uma rodada de comentários de diversas autoridades de política monetária nos EUA contribuiu hoje para reforçar a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o bc americano) fez o possível para dar sustentação à retomada econômica, apesar de "suas ferramentas serem limitadas". Nesse cenário, o Fed apontou a necessidade da aprovação de uma nova rodada de estímulos fiscais, parada por conta da falta consenso entre democratas e republicanos no Congresso.

Dólar Foto: Reuters

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Com a progressão da tarde, a percepção de risco se agravou com a notícia de que Eric Trump, filho do presidente americano, terá de depor sobre negócios da família antes da eleição de 3 de novembro. A proximidade da disputa eleitoral é um dos fatores que ajudam a entender a persistente falta de consenso entre democratas e republicanos sobre novos estímulos.

Assim, houve pouco o que sustentar os preços dos ativos na B3 nesta quarta-feira, diferentemente do dia anterior, quando o Ibovespa, obteve leve ganho, ancorado, além da recuperação pontual observada no exterior, na "ata do Copom, que diminuiu as chances de um aumento nos juros, e nos comentários de que um programa Renda Brasil poderia vir de cortes de gastos públicos, animando o mercado (ontem)", observa Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.

Com isso, o Ibovespa fechou o dia 5 mil pontos abaixo do patamar dos 100 mil pontos, número que sustenta a recuperação da Bolsa. Na mínima do dia, perto do valor do fechamento, ele caía aos 95.728,13 pontos - na máxima, operava aos 97 mil pontos. Na semana, ele cede 2,60% e no mês, recua 3,66%. No ano, as perdas são de 17,22%.

Hoje, mesmo com o forte desempenho de Vale (com ganho de 2,23%), não houve como se evitar o retorno da B3 ao campo negativo. "Por aqui, temos um déficit fiscal grande, falta de celeridade nas reformas e a prévia da inflação (IPCA-15), que veio maior que o esperado pelos economistas", acrescenta a analista.

Na ponta do Ibovespa, Braskem cedeu hoje 6,18%. No lado oposto, Localiza  subiu 13,97%, após o anúncio da fusão com a Unidas. Petrobrás Pn e On fecharam respectivamente em queda de 2,74% e 2,44%, apesar do resultado positivo no exterior: hoje, o WTI para novembro subiu 0,33%, a US$ 39,93 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês avançou 0,12%, a US$ 41,77 o barril.

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Câmbio

O dólar teve nesta quarta-feira o quarto dia consecutivo de alta no Brasil, acumulando no período valorização de 6,7%, além de fechar no nível mais alto desde 26 de agosto. O que ditou a piora do câmbio hoje foi o exterior, com o dólar ganhando força de forma generalizada e registrando os níveis mais altos em dois meses ante alguns rivais fortes, como o euro, e subindo forte nos países emergentes. No México, avançou 3,2%. O real e o peso mexicano foram as duas moedas com pior desempenho hoje em uma lista de 34 divisas mais líquidas.

Crescentes dúvidas dos investidores sobre o ritmo de recuperação da economia mundial, em meio ao aumento de casos de coronavírus na Europa e indicadores mistos da atividade nos Estados Unidos provocaram novo dia de fuga de ativos de risco. No final do dia, a divulgação de uma pesquisa mostrando rápida mutação do coronavírus nos EUA, tornando-o mais contagioso, ajudou a azedar ainda mais o humor dos investidores.

Para o estrategista e sócio da TAG Investimentos, Dan Kawa, os indicadores mostram uma "acomodação" do crescimento mundial. "A segunda onda está aí", destaca ele, ressaltando que a letalidade da covid agora é menor que na primeira onda e as medidas de isolamentos, mais brandas, mas certamente terão impacto negativo na atividade. Para ele, a incerteza sobre os rumos da atividade mundial deve durar de dois a quatro meses, o que pode deixar o mercado mais volátil neste período.

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Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é negociado perto de R$ 5,70. Já o dólar para outubro encerrou com alta de 2,20%, a R$ 5,5915.

Bolsas do exterior

Apesar das quedas vistas por aqui e em Nova York, as bolsas da Ásia e da Europa tiveram um dia favorável. O mercado asiático seguiu o tom favorável de Wall Street no pregão da última terça-feira, 22, e os índices chineses Xangai Composto Shenzhen Composto tiveram ganhos de 0,17% e 0,83%, enquanto o Hang Seng teve leve valorização de 0,11% em Hong Kong e o sul-coreano Kospi apresentou ganho marginal de 0,03%. Após dois dias parados devido a um feriado, o japonês Nikkei encerrou em ligeira baixa de 0,06% e o Taiex que caiu 0,49% em Taiwan. A bolsa australiana avançou 2,42%.

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No velho continente, a melhora do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da zona do euro segurou as bolsas no azul. O indicador subiu de 51,7 em agosto para 53,7 em setembro, segundo a IHS Markt, maior nível em 25 meses, superando a previsão de analistas, de 51,9 - com isso, o Stoxx 600 registrou ganho de 0,55%. A bolsa de Londres teve ganho de 1,20%, a de Frankfurt subiu 0,39% e a de Paris avançou 0,62%. Milão e Madri subiram 0,18% e 0,08% cada, enquanto a bolsa de Lisboa foi a única a fechar em baixa, com queda de 0,84%. /LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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