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Bolsa fecha em queda depois de quatro altas seguidas; dólar fica a R$ 5,62

Ibovespa aproveitou o clima misto de Nova York e a baixa do setor financeiro para realizar lucros, mas ainda se manteve no patamar dos 101 mil pontos

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Por Redação
Atualização:

Depois de quatro altas consecutivas, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, aproveitou o tom misto de Nova York e a baixa do setor financeiro para realizar lucros e fechar com baixa de 0,65%, aos 101.259,75 pontos nesta sexta-feira, 23, em mais um dia no qual o mercado ficou à espera de um anúncio sobre novas medidas de estímulos nos EUA. O ambiente incerto, somado a divulgação do IPCA-15, também pesou no dólar, que encerrou com alta de 0,63%, a R$ 5,6295.

Nesta sexta, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, declarou à imprensa americana que o acordo pode ser fechado "em um dia ou mais ou menos isso". No entanto, segundo o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, a possibilidade de novos estímulos em tão pouco tempo é baixa. "Encerramos a semana com a sensação de que um pacote antes da eleição presidencial é bem difícil, acho que isso também ajuda na realização de lucros. É uma novela interminável", disse. 

Dólar Foto: Reuters

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Em Nova York, o impasse novamente voltou a ganhar espaço nas bolsas locais, que apesar de ensaiarem uma recuperação no final do pregão, ainda fecharam com ganhos mínimos. Por lá, o S&P 500 e o Nasdaq subiram 0,34% e 0,37% cada, mas o Dow Jones caiu 0,10%.

No mercado local, chamou a atenção hoje a divulgação do IPCA-15 para outubro, a 0,94%, acima do esperado pelos analistas. Os preços dos alimentos e bebidas tiveram a maior alta (2,24%) entre os grupos pesquisados e também o maior impacto positivo (0,45 ponto porcentual) no índice. Ainda na esteira da divulgação da prévia da inflação de outubro, o Credit Suisse elevou a projeção do índice oficial de inflação de 2020, de 2,80% para 3,15%. Em 2021, a estimativa passou de 3,40% para 3,55%.

Para Régis Chinchila, o IPCA-15 ajudou a manter um viés negativo no mercado, ainda que o movimento maior da sessão tenha sido uma "realização normal". "A expectativa para a próxima semana é pelos balanços do terceiro trimestre. Temos bancos, Petrobrás e Vale na pauta", destacou. O resultado da mineradora e da petroleira saem na quarta-feira.

Apoiado pela divulgação dos resultados trimestrais das companhias, o Ibovespa teve a terceira semana consecutiva de ganhos. Do fechamento de sexta-feira passada até hoje, o ganho foi de 3,00%.

Na semana, os papéis ON de Bradesco saltaram 9,32% e PN de Itaú Unibanco avançaram 10,08%. Na sessão, por sua vez, em meio à realização de lucro, o primeiro cedeu 0,20% e o segundo, 1,28%. "É uma correção natural, ainda acho que os bancos estão descontados", destacou Rafael Ribeiro, analista de ações da Clear Corretora. "Se os resultados vierem bons, ou um pouquinho acima do esperado, podemos ver mais altas. Mas não sei se eles conseguirão sozinhos levar o índice acima dos 105 mil pontos. Precisa de um a mais."

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Dentro do índice, a maior alta semanal e na sessão foi da Braskem (respectivamente 13,88% e 4,35%), ainda na esteira da elevação de recomendação do Santander sobre os papéis da petroquímica para "compra". Por sua vez, a maior baixa semanal foi de JBS, com 8,19% e no pregão de Marfrig, com 3,43%.

Câmbio

O dólar teve uma semana de fortes oscilações, mas terminou a sexta-feira não muito distante do que começou a segunda, na casa dos R$ 5,60. A razão é que os assuntos monitorados de perto pelos investidores, a questão fiscal doméstica e o pacote de estímulos dos Estados Unidos, não tiveram desdobramentos concretos nos últimos dias. Com isso, faltam catalisadores capazes de guiar a moeda americana em direção mais firme ante o real, seja para baixo ou para cima, ressaltam profissionais das mesas de câmbio. Na semana, a divisa americana termina acumulando leve queda de 0,25%, após subir 2% na anterior. Em outubro, acumula alta de 0,20%. Já o dólar para novembro fechou em alta de 0,51%, a R$ 5,6230.

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"O dólar mostrou esta semana que apesar da volatilidade, não tem motivo para andar ou para voltar", ressalta o assessor da Alta Vista Investimentos, Orlando Bachesque. Ele observa que permanecem as dúvidas sobre a questão fiscal do Brasil, incluindo quais serão as fontes de financiamento do novo programa social do governo. "Enquanto não vem o pacote de estímulos, o dólar fica oscilando", diz Bachesque, ressaltando que no Brasil, o risco fiscal segue presente e no radar dos investidores. 

A próxima semana será a última antes das eleições americanas e também terá calendário carregado e importante para o mercado de moedas. Por isso, os estrategistas do grupo financeiro ING alertam que os mercados podem adotar o compasso de "esperar para ver". Além de os americanos irem às urnas no dia 3 de novembro, a próxima semana terá reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e, no Brasil, o encontro do Copom. Nos indicadores, o destaque é o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do terceiro trimestre, na quinta-feira, 29./MATEUS FAGUNDES, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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