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Bolsa recua 0,8% em sintonia com queda do mercado de Nova York; dólar sobe 0,2%

Investidores seguem atentos aos sinais de avanço da inflação em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos; andamento da reformas ajudou a evitar maiores perdas

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Por Redação
Atualização:

Bolsa brasileira (B3) fechou em queda de 0,84%, aos 122.987,71 pontos nesta terça-feira, 25, revertendo parte do lucro do pregão anterior, quando bateu no maior nível desde janeiro e registrou o segundo maior fechamento da história. O recuo, em sintonia com o mercado de Nova York, refletiu as preocupações de investidores com o avanço da inflação em todo o mundo, em especial nos Estados Unidos. Por aqui, o dólar também foi fortalecido e subiu 0,23%, a R$ 5,3371. 

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A divulgação de dados mistos sobre a economia americana deixou o mercado sem um sinal claro sobre a retomada nos Estados Unidos. O resultado dos indicadores também dificulta prever qual será a atitude do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) com relação ao nível de estímulos monetários, como os juros baixos, por exemplo.

O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, disse que a reabertura da economia dos EUA coloca pressão sobre a inflação, mas acrescentou que os "dados econômicos estão realmente confusos agora", ainda que a perspectiva para a economia continue "muito positiva", com possibilidade de crescimento de mais de 6%, "talvez até 7%". Para Clarida, a inflação será "transitória", embora seja necessário acompanhar "cuidadosamente" a evolução dos preços nos próximos meses. "Queremos fazer mais progresso substancial em direção ao cumprimento de metas", acrescentou.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Daniel Teixeira/Estadão

"Devemos ver um crescimento acelerado, com crescentes pressões sobre os preços. O debate sobre a inflação ainda não acabou, mas a maioria em Wall Street acredita que (ela) será transitória", observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. De olho no impasse em torno do tema, os índices americanos Dow Jones, S&P 500 Nasdaq caíram 0,24%, 0,21% e 0,03% cada.

No Brasil, a admissibilidade da reforma administrativa na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara foi um desdobramento positivo. A sinalização de que as discussões em torno da reforma tributária devem ganhar força na semana que vem, também ajudaram a evitar maiores perdas da Bolsa.

Mas houve também fatores desfavoráveis, como o relato de que o governo estuda tributar ganhos de capital de instituições financeiras, afetando a rentabilidade dos bancos, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença. O setor, de maior peso no Ibovespa, teve perdas hoje entre 0,50% para Bradesco PN e 1,34% para Banco do Brasil ON.

O setor de commodities metálicas também cedeu. "As commodities estão corrigindo e, hoje, houve esta grande venda individual de ações da Vale", acrescenta Monteiro, chamando atenção para venda líquida de 2,9 milhões de ações da mineradora por um único vendedor ao longo desta terça-feira, até as 16h20, em movimento interpretado como uma realização de lucros ante a recente correção observada nos preços da commodity, o que tem afetado também as ações de siderúrgicas.

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Hoje, Vale ON fechou em baixa de 2,49%, Usiminas, de 3,09%, e CSN ON, de 2,39%. Em sintonia com as idas e vindas do petróleo no exterior, que culminou na queda de várias petrólíferas, Petrobrás ON e PN cederam 1,83% e 2,08% cada. Na ponta positiva do Ibovespa, destaque para Cielo, em alta de 7,63%, com notícia de que a Alelo, do setor de fidelidade, ingressará no segmento de adquirência e delivery.

Ainda assim, após ter rompido a resistência de 122.960 pontos, validando novo pico de alta, e fechado ontem aos 124.031,62 pontos, graficamente o Ibovespa se mantém a caminho da máxima histórica intradia de 125.323 pontos, de 8 de janeiro, antes de buscar, pelas projeções de Fibonacci, degrau seguinte a 126.250 pontos, aponta Igor Graminhani, analista técnico da Genial Investimentos. O Ibovespa "continua com tendência de alta no curto e no médio prazo", reforça.

Câmbio

O noticiário doméstico foi positivo nesta terça-feira, com o andamento das reformas e o IPCA-15 de maio, que veio mais próximo ao piso de estimativas do mercado, dando novo alívio ao câmbio. No entanto, pautado pelo exterior, o dólar saiu do patamar de R$ 5,29 e terminou o dia a R$ 5,33.

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Sobre o avanço da inflação no exterior, o diretor de investimentos (CIO) da Truxt, Bruno Garcia, alerta que os países emergentes com dificuldades fiscais, como o Brasil e África do Sul, podem encontrar um cenário mais difícil pela frente quando o Fed começar a discutir a retirada dos estímulos e a liquidez da economia se reduzir. "O Brasil deve entrar no segundo semestre com a economia melhor, mas com o mundo desenvolvido discutindo a retirada de estímulos", diz.

Para o sócio da gestora SPX, Leonardo Linhares, os próximos três a seis meses devem ser marcados por informações insuficientes para se ter maior clareza sobre a inflação nos EUA. "A grande dúvida é se a inflação será permanente ou provisória", disse hoje em evento promovido pelo BTG Pactual.

Ante as incertezas sobre a economia americana, o DXY, índice que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, caiu hoje, testando as mínimas desde janeiro em meio às declarações sobre inflação dos dirigentes do Fed, destaca o analista de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Mas ante moedas emergentes, o dólar mostrou mais força, subindo no México, Chile, Colômbia e Turquia/LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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