28 de abril de 2021 | 15h56
Atualizado 28 de abril de 2021 | 18h15
O dólar fechou em forte queda de 1,82%, cotado a R$ 5,3616 - menor nível desde o dia 2 de fevereiro -, nesta quarta-feira, 28, dia em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) optou por manter inalterada a política monetária dos Estados Unidos, até atingir as metas de inflação e desemprego. A decisão também foi favorável a Bolsa brasileira (B3), que registrou alta de 1,39%, aos 121.052,52 pontos.
O banco central americano reconheceu que os indicadores econômicos dos EUA melhoraram com o avanço da vacinação, mas descartou uma mudança na sua política pró-estímulos e pró-juros baixos antes de 2022. Os dirigentes do Fed reconheceram ainda a melhora da economia e o aumento da inflação nos Estados Unidos, mas classificaram a pressão nos preços como "transitória". Com a decisão, os juros do país continuam entre 0% e 0,25% ao ano - a consultoria Pantheon Macroeconomics não vê um reajuste antes do segundo semestre do ano que vem.
O presidente do Fed, Jerome Powell, também disse que o momento não pede decisões mais bruscas. O "progresso não é substancial, como foi observado nos últimos quatro meses", disse, ao falar da recuperação da economia americana. "Não é a hora [de 'começar a falar sobre redução nos estímulos]", ressaltou, ao apontar que o apoio da entidade monetária ainda é necessário para manter o fôlego da retomada nos EUA.
"O Fed foi claro em sua intenção de seguir provendo estímulos extraordinários para a economia", avalia a economista-chefe da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza. Após estas declarações, as taxas de retorno dos títulos do Tesouro americano para dez e trinta anos, que têm forçado a alta do dólar nos últimos meses, passaram a cair.
Por aqui, a moeda recuou a R$ 5,35 na mínima, menor nível desde 12 de fevereiro - o real teve o melhor desempenho hoje no mercado mundial de moedas, considerando as 34 divisas mais líquidas. A divida para maio fechou em queda de 1,98%, a R$ 5,3470. No exterior, o dólar caiu 1% na África do Sul e 0,70% no México.
No noticiário local, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou a criação de 184,1 mil vagas em março, e disse que todos os setores estão criando postos de trabalho, além de sinalizar avanço na reforma tributária, o que sempre agrada as mesas de operação. Ele disse ainda que as primeiras doses de vacina da Pfizer chegam ao País nesta quinta-feira e no dia seguinte haverá a privatização da companhia de saneamento do Rio, a Cedae, o que pode trazer mais fluxo externo ao Brasil.
"O dia de hoje foi mais otimista, o que se refletiu no câmbio desde a manhã. Os ruídos de ontem de Brasília levaram o mercado a precificá-los, mas hoje veio alívio, inclusive com a visão de que trocas no Ministério da Economia, mesmo para estreitar relacionamento com o Centrão, podem ajudar a avançar a pauta reformista", diz João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.
Dados do Banco Central mostram que o fluxo cambial em abril está positivo em US$ 773 milhões até o dia 23, com destaque para o canal comercial, com entradas de US$ 599 milhões. Na semana passada, houve maior peso do canal financeiro, com entrada líquida de US$ 831 milhões.
Apoiado pela máxima histórica intradia do S&P 500 em Nova York, que acabou fechando em queda de 0,08% no final do pregão, e a decisão favorável vinda do Fed, o Ibovespa retomou os 121 mil pontos e conseguiu fechar nesse patamar pela primeira vez desde 16 de abril. Na semana, o índice avança 0,43% e, no mês, 3,79% - em 2021, ele acumula agora ganho de 1,71%. Na B3, o estrangeiro manteve fluxo positivo na série de quatro sessões até o dia 26. No mês, o saldo chega a R$ 6,972 bilhões, elevando o capital estrangeiro na Bolsa para R$ 19,1 bilhões no ano.
"Além do exterior, temos visto um ambiente melhor também no Brasil, se conseguirmos separar o ruído do sinal. À medida que a vacinação avança, diminui a chance de um terceiro lockdown. E o dólar mais fraco tem refletido alguma recuperação do interesse do estrangeiro, especialmente por Bolsa. Após um primeiro trimestre difícil, quem teve paciência para esperar, começa a colher o resultado", diz Arthur Constancio, especialista de produtos e alocação na BlueTrade.
Nesta quarta, destaque para a abertura da temporada de balanços de bancos, com os números do Santander, que deram ao papel da instituição ganho de 8,06% no fechamento, à frente e Bradesco com 4,97%. Os números do banco ajudaram também no desempenho de Itaú e Banco do Brasil, hoje em alta de 4,33% e 1,78% cada. O resultado de setor financeiro, somado aos ganhos de 3,64% e 3,56% de Petrobrás PN e ON, também foram fundamentais para ajudar o Ibovespa a se manter nos 121 mil pontos. /ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, LUÍS EDUARDO LEAL E MAIARA SANTIAGO
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