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Bolsa fecha em alta de 2,5% e dólar fica a R$ 5,58 com ambiente mais favorável

Ibovespa voltou aos 97 mil pontos com o apoio dos papéis dos bancos e do setor de commodities e se descolou de Nova York, que teve ganhos modestos

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Por Redação
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Apesar dos ganhos contidos do mercado acionário de Nova York, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, conseguiu se sustentar em alta nesta quinta-feira, 8, com o apoio do setor bancário e de commodities, e encerrou com forte ganho de 2,51%, aos 97.919,73 pontos - perto da máxima do dia. O ambiente de menor percepção de risco também favoreceu o real, com o dólar fechando em baixa de 0,65%, a R$ 5,5886.

Com desempenho fraco em 2020, as ações de bancos tiveram um pregão favorável. Hoje, a unit do Santander subiu 8,11%, Itaú Unibanco PN teve alta de 6,04% e Bradesco ON avançou 5,67%. Também ajudou o movimento de alta o ganho de Vale ON, com 1,86% e Petrobrás PN e ON, com 3,28% e 3,42% cada. O ganho da petroleira foi apoiado hoje também pelo bom resultado do petróleo no exterior: WTI para novembro fechou com ganho de 3,10%, a US% 41,19 o barril, enquanto o Brent para dezembro encerrou com alta de 3,22%, a US$ 43,34 o barril.

Dólar Foto: Reuters

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"A avaliação do UBS para os bancos brasileiros divulgada hoje, com perspectiva de lucro maior e custo de risco melhor no terceiro trimestre, ajudou o setor como um todo, em especial Itaú, mantida a preferência da instituição pelo banco entre os grandes pares brasileiros", observa Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos. "A análise é de que a inadimplência vai ter um impacto menor sobre os resultados do setor do que se antevia para o terceiro trimestre."

No quadro mais amplo, Musa, da Acqua, aponta que os ganhos no Ibovespa se acentuaram no momento em que saíam os dados sobre seguro-desemprego no Brasil referentes a setembro, em forte queda ante o mesmo mês do ano passado, mas ainda em expansão quando se considera o acumulado nos nove primeiros meses de 2020. "É preciso tomar esses dados com cuidado porque a concessão do auxílio emergencial pode estar reduzindo o número de pessoas em busca de trabalho no momento", acrescenta, chamando atenção também para o desempenho positivo das vendas do varejo em agosto, divulgado pela manhã, que já contribuía para o avanço do Ibovespa nesta quinta-feira.

Por aqui, as ações do setor bancário, com destaque para SantanderItaú Unibanco PN Bradesco PN, ajudaram a manter o Ibovespa, com destaque também para o bom desempenho dos papéis da Petrobrás, que foram favorecidos pela alta dos contratos futuros de petróleo no exterior, com WTI para novembro fechando com ganho de 3,10%, a US% 41,19 o barril, enquanto o Brent para dezembro encerrou com alta de 3,22%, a US$ 43,34 o barril.

A percepção de fundo é de que a volatilidade deve continuar dando o tom aos negócios na B3 nas próximas semanas, com a incerteza relacionada ao desenlace das eleições americanas e à definição, apenas depois das eleições municipais no Brasil, do Renda Cidadã, programa que deverá substituir o auxílio emergencial a partir de 2021. Hoje, em mais uma guinada de posição, o presidente Donald Trump disse que não comparecerá ao debate virtual que estava programado com o democrata Joe Biden.

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A decisão mexeu com o mercado de Nova York, que já vinha com os ganhos abalados devido ao impasse em torno das medidas de incentivo. Hoje, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, rejeitou um pacote fiscal reduzido que forneceria apenas ajuda financeira a companhias aéreas. No entanto, ela continua motivada "Estamos nas mesas de negociações, tivemos alguns progressos", disse. A resposta ajudou a manter o fôlego dos principais índices dos EUA, que fecharam em alta, mas com ganhos contidos: Dow Jones subiu 0,43%, S&P 500 teve ganho de 0,80% e Nasdaq avançou 0,50%.

Câmbio

O dólar engatou queda nos negócios da tarde, após uma manhã volátil. A perda de força da moeda americana no exterior, em meio à renovadas expectativas por um pacote de estímulo nos EUA, ajudou a retirar pressão do câmbio no mercado doméstico. A ausência de noticiário negativo doméstico também ajudou e investidores aproveitaram para realizar ganhos recentes - dos cinco pregões deste mês até ontem, o dólar só caiu em um. Hoje, o dólar para novembro encerrou com queda de 0,19%, a R$ 5,6065.

Para a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza, com as eleições se aproximando, cresce a pressão em Washington para um acordo que aprove um pacote grande de estímulos para empresas e pessoas, especialmente com a atividade perdendo fôlego. Com a Câmara parada e o Senado postergando votações até ao menos o próximo dia 19, por causa de casos de coronavírus entre os senadores, ela acha pouco provável que um acordo saia por agora, mas os mercados parecem acreditar nessa possibilidade.

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Já por aqui, o cenário fiscal ainda chama a atenção."O real permanece sujeito a numerosos riscos no curto e no médio prazo", comenta a analista de moedas do Commerzbank, You-Na Park-Heger. Ela prevê que a moeda brasileira vai seguir desvalorizada ao menos até meados de 2021, quando tem chance de cair abaixo de R$ 5,00. A analista ressalta que a delicada situação fiscal do Brasil não vai se resolver por agora e sempre fica no radar dos investidores a possibilidade de o ministro da Economia, Paulo Guedes, sair do governo./LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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