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Cotações do petróleo em queda pressionam economia global

A desaceleração da economia da China, maior importadora de petróleo do mundo, está impactando o preço do barril

Por JAMIL CHADE
Atualização:
O setor estima que, desde 2014, empresas já demitiram 250 mil pessoas pelo mundo Foto: Andrew Cullen/Reuters

BASILEIA - O efeito mais visível da desaceleração chinesa, por enquanto, tem sido, segundo especialistas, nas cotações do petróleo, com redução de 45,7% apenas em 2015. O setor estima que, desde 2014, empresas de petróleo já demitiram 250 mil pessoas pelo mundo. Parte da expansão, assim como em outras commodities, haviam sido conduzidas pela demanda da China. Em 2003, o país consumia 5,5 milhões de barris por dia. Em 2007, o volume já chegava a 7,5 milhões. Hoje, a China é a maior importadora do mundo.

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Na reunião que ocorreu na Suíça, porém, os bancos centrais apontam que nem a tensão entre Arábia Saudita e Irã - donos de duas das maiores reservas do mundo - estão gerando uma alta nos preços e compensando a queda na demanda da China. Motivos: o potencial de uma guerra ainda não é suficiente para legitimar uma inversão na curva. Mas, acima de tudo, o rompimento diplomático entre Riad e Teerã significa, na prática, que a Opep e seu caráter de cartel de preços acabou.

Quanto mais dividido os membros da Opep, maior a falta de coordenação entre os produtores e, portanto, menores são os preços do barril. A delegação do BC saudita em Basileia, por exemplo, não escondia sua preocupação e contou ao Estado que "todos os cálculos" no país são tomados com base nos preços de petróleo - que fechou ontem, em Nova York, cotado a US$ 31,41 o barril, menor preço desde dezembro de 2003.

Pelo restante do mundo, os cálculos deixam claro que mais de uma dezenas de grandes economias depende do que vai ocorrer com o preço do barril. A previsão é de que a conta corrente de países como Argélia, Azerbaijão, Brunei, Kuwait, Omã, Catar e Emirados Árabes vai sofrer uma forte deterioração em 2016.

Alguns deles, como a Noruega ou Rússia, devem conseguir manter o déficit abaixo de 4% do PIB ou mesmo continuar com um superávit graças às reservas que acumularam durante anos. Mas os ajustes estão na agenda, até com a desvalorização de suas moedas. O Azerbaijão, por exemplo, já reduziu o valor de sua moeda em 33% em relação ao dólar. 

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