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CPI vai investigar saída de US$ 10 bi da Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma comissão parlamentar de inquérito vai investigar a saída de pelo menos US$ 10 bilhões antes e depois do "corralito" financeiro (congelamento dos depósitos bancários) imposto pelo governo do então presidente Fernando de la Rúa e seu ministro de Economia Domingo Cavallo. Depois das denúncias das deputadas Graciela Ocaña e Marcela Rodríguez, a Justiça argentina aceitou publicamente a existência do processo de envio ilegal de dólares para o Exterior. Nesta quinta-feira pela manhã, o ministro de Relações Exteriores, Carlos Ruckauf, foi extremamente cauteloso para comentar sobre o assunto, depois de insistentes indagações da imprensa espanhola, já que algumas instituições desse país poderiam estar envolvidas nessas operações. "Cabe ao Poder Judiciário investigar e punir", resumiu Ruckau, diante da insistência dos correspondentes espanhóis. As deputadas informaram que têm provas sobre a movimentação de 380 veículos de transporte de valores entre Buenos Aires e o Aeroporto de Ezeiza entre os dias 20 de novembro e 30 de novembro, carregados com dinheiro que teriam sido, depois, enviados ao exterior. Outras investigações dão conta de que os bancos teriam feito ainda, no decorrer do ano passado, empréstimos também ilegais a entidades com fortes relações com outras instituições no Exterior. A CPI argentina terá 120 dias para concluir as investigações e apresentá-las à Justiça. Essas acusações, embora as provas ainda não tenham sido apresentadas, fizeram aumentar os protestos dos argentinos não apenas contra o "corralito", mas também contra os bancos instalados no país. Esses protestos, por sua vez, levaram a Associação de Bancos Argentinos (ABA) a publicar em todos os jornais do país um comunicado extenso sobre "a verdade que precisa ser conhecida". No comunicado, a ABA diz que as versões de que as entidades financeiras seriam as que provocaram as dificuldades que enfrenta a sociedade não refletem a realidade e que elas decorrem do "corralito", imposta, em seu momento, pelas autoridades argentinas para evitar o colapso do sistema bancário privado e público, diante dos maciços saques dos depósitos nos dias anteriores a 1o de dezembro de 2001, data em que as restrições entraram em vigor. "Nenhum sistema financeiro no mundo, por mais líquido e solvente que ele seja, pode fazer frente a um retiro de depósitos generalizado", diz o comunicado. A ABA afirma ainda que, pela simples razão de que os bancos não têm em seu poder o dinheiro recebido porque emprestaram ao setor privado e ao próprio Estado argentino, por prazos que excedem certamente o prazo dos vencimentos dos depósitos. Leia o especial

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