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CPMF: ações de 2ª linha podem ganhar

Apesar de positiva, a não cobrança da CPMF nas operações com capital estrangeiro não fez com que a Bolsa reagisse. Alguns analistas acreditam que os papéis de segunda linha podem apresentar um aumento no volume de operações.

Por Agencia Estado
Atualização:

Dentro de 30 a 45 dias, a Companhia Brasileira de Liqüidação e Custódia (CBLC) da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve iniciar os procedimentos de liqüidação de câmbio das operações para compra e venda de ações de investidores estrangeiros no País. Com isso, não haverá mais a incidência da CPMF sobre o capital estrangeiro. Estuda-se também estender o benefício para o capital brasileiro, isentando todas as operações em Bolsa da cobrança da CPMF (veja mais informações no link abaixo). Porém, analistas de mercado não acreditam que isso, de fato, aconteça. Isso porque vários segmentos da economia poderiam reivindicar o mesmo direito. Vale destacar que a isenção da CPMF para o capital estrangeiro é resultado de um procedimento técnico na liqüidação das operações. No caso do capital brasileiro, deveria haver uma aprovação da medida no Congresso Nacional e o governo não quer passar por esse desgaste político. Ações de segunda linha poderiam ser beneficiadas Apesar da medida ser positiva para o mercado de ações, a Bovespa não reagiu. O cenário externo ainda é muito instável, com as oscilações da Nasdaq - bolsa dos EUA que negocia papéis do setor de tecnologia e Internet -, a alta do preço do petróleo e a situação da Argentina. Em períodos de muita instabilidade, os mercados emergentes, que oferecem risco maior, sofrem com a fuga dos investimentos estrangeiros. Mas Pedro Thomazoni, diretor de renda variável do Lloyd´s TSB, está otimista em relação à medida. Ela acredita que o volume de negócios na Bolsa pode aumentar. Porém, Thomazoni considera que esse incremento nas operações deve concentrar-se nas ações de segunda linha. "As empresas mais importantes na Bolsa já têm papéis negociados fora do Brasil, as ADRs. A expectativa é que o investidor estrangeiro continue operando fora do País", afirma. ADRs são recibos através dos quais ações de empresas sediadas em outros países são negociadas no mercado norte-americano. Entre as empresas que não operam por esse sistema nos Estados Unidos, Thomazoni cita a Perdigão e a Sadia como exemplos de companhias que podem ter seus papéis valorizados pela não incidência da CPMF. O diretor de renda variável do ABN Amro Asset Management, Alexandre Póvoa, lembra que o fortalecimento do mercado secundário deve estimular o lançamento de novas ações. "Com isso, além do crescimento do mercado de capitais, também a economia como um todo pode ser beneficiada, já que a Bolsa passa a ser um importante canal de captação de dinheiro para o desenvolvimento das empresas", explica. Nicolas Balafas, diretor de renda variável do BNP Asset Management, não tem a mesma opinião. "O investidor estrangeiro não compra papéis de segunda linha pois, como essas ações não são muito negociadas, há dificuldade de negociá-las. A cobrança da CPMF não era o motivo para que o investidor não olhasse para esse setor", afirma o diretor.

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