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CPMF não será suficiente para corrigir rota do déficit fiscal, comenta Armínio Fraga

Em entrevista após participação no Summit Imobiliário, ex-presidente do Banco Central reforça que não foi convidado para participar de novo governo

Foto do author Aline Bronzati
Foto do author Cynthia Decloedt
Por Aline Bronzati (Broadcast), Cynthia Decloedt (Broadcast) e Lucas Hirata
Atualização:

SÃO PAULO - O ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Gávea Investimento, Armínio Fraga, avaliou, durante participação no Summit Imobiliário Brasil 2016, que a volta da CPMF não será suficiente para corrigir a rota do déficit fiscal no Brasil. "A coisa chegou em um jeito que não é suficiente só a volta da CPMF, fazer um esforço curto. Não é uma questão cíclica. Nossa máquina não está preparada para crescer. Vive hoje certa paralisia", afirmou.

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De acordo com Fraga, o Brasil vive hoje uma trajetória "muito perigosa", que combina queima de caixa, Produto Interno Bruto (PIB) encolhendo e juro real "astronômico". Destacou ainda que a relação dívida/PIB, de 72%, não incorpora prejuízos a olho nu, como a necessidade de capital para a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o FGTS. É necessário, na sua visão, uma "reviravolta importante na área fiscal".

"Nossos Estados estão péssimos do ponto de vista de finanças. O Rio de Janeiro vive um momento particularmente difícil", acrescentou o sócio-fundador da Gávea.Ele vê a relação dívida/PIB do Brasil chegando perto dos 80%, crescendo entre 7% e 8% por ano.Para Fraga, alinhar a trajetória da dívida pública no País requer uma reforma de Estado. "O melhor a fazer de cara seria arrumar a trajetória da dívida pública", avaliou Fraga.

Ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga participa doSummit Imobiliario Brasil 2016 Foto: Marcio Fernandes/Estadão

Governo. Fraga negou rumores de que teria sido convidado para participar de um novo governo e desmentiu ter jantar agendado com o vice-presidente Michel Temer esta noite. "Não fui convidado a participar de um novo governo", afirmou. 

O ex-presidente do Banco Central reiterou, no entanto, que gostaria de colaborar como o que fosse possível e que suas políticas estariam próximas do que havia elaborado na composição da chapa do então candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves, em 2014. Fraga negou que tivesse um jantar com o vice Temer esta noite e disse que na suposição de um encontro, o tema seria econômico. "Não tivemos a chance de conversar. Se Temer me der a honra de um convite irei, e será para sugestões na área econômica", afirmou. "Não há jantar esta noite", afirmou e observou que tal assunto sobre agenda deve ser checado com o próprio Temer. 

 Ele acrescentou que já havia sinalizado que nesse momento não poderia compor o governo, por razões pessoais, que envolvem por exemplo a recém recompra da Gávea Investimentos. Há especulações que de Fraga ocuparia o Ministério da Fazenda em um eventual governo pós impeachment da presidente Dilma Rousseff, com o atual vice, Michel Temer ocupando a presidência.

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