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Credit Suisse nega relação com doleiros

Mas banco não esclarece contrato com a brasileira Claudine Spiero

Por Jamil Chade
Atualização:

O banco de investimentos Credit Suisse insiste que não trabalha com doleiros, mas evita dar uma resposta sobre a contratação de serviços da acusada de crimes financeiros e de ser doleira, a brasileira Claudine Spiero. Em entrevista publicada ontem no Estado, Claudine revelou que foi contratada pelo banco e contou detalhes de como as operações ocorriam. Segundo ela, o banco colaborou na evasão de recursos do País para contas secretas. O Estado ainda obteve uma cópia da carta que dá por encerrada a prestação de serviço da brasileira ao banco. Na quinta-feira, o escritório do Credit Suisse em Zurique evitou fazer comentários, apesar das repetidas ligações feitas para obter informações. Em uma última conversa, a Assessoria de Imprensa apenas afirmou que não falaria de temas de evasão fiscal ou lavagem de dinheiro. Ontem, após a publicação da reportagem, o banco decidiu emitir um comentário, enviado à reportagem por e-mail. "O Credit Suisse tem regras e linhas de atuação muito estritas que regem as operações de seus escritórios de representação. Essas linhas diretrizes - que proíbem claramente todos os contatos com doleiros - estavam em vigor em nosso escritório de representação em São Paulo", afirmou o porta-voz Jean-Paul Darbellay, na nota enviada ao jornal. O Estado havia apresentado pelo menos mais duas questões, que não foram respondidas pelo Credit Suisse. A primeira se referia ao contrato de Claudine Spiero com o banco. A reportagem questionou o Credit Suisse sobre a natureza da relação. O banco não deu uma resposta se conhecia ou não a brasileira. Em nova ligação, dessa vez para a assessoria do banco em Nova York, Dave Walker, porta-voz para as Américas, pediu que o banco falasse "off the record" sobre a situação, o que não foi aceito pela reportagem. Walker afirmou, então, que Claudine Spiero não foi funcionária permanente do banco. Questionado sobre o que seria o contrato apresentado e se ela havia fornecido serviços, Walker pediu para dar uma resposta mais tarde. O porta-voz do Credit Suisse também não respondeu se Claudine Spiero prestava algum tipo de serviço ao banco. SIGILO O banco abriu ainda um processo legal na Justiça de Genebra contra dois ex-funcionários por terem supostamente passado informações sigilosas à reportagem. Eles são ex- funcionários do banco em Genebra. Estão sendo acusados na Justiça de terem violado as leis de segredo bancário na Suíça e terem fornecido documentos sigilosos sobre as operações do banco ao Estado. Os documentos obtidos mostravam operações de vendas ilegais de fundos offshore pelo banco, além da atuação do escritório de representação. O Estado foi convocado como testemunha no caso. Nesta semana, a reportagem compareceu aos escritórios da polícia de Genebra para testemunhar. A pergunta feita era se os ex-funcionários eram ou não as fontes das informações sigilosas publicadas em dezembro. Questionado sobre o motivo da abertura do processo contra os dois ex-funcionários, o porta-voz do banco, Jean-Paul Darbellay, apenas respondeu que "não é nossa política comentar casos em andamento".

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