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Crédito a empresas encolhe em R$ 1,8 bi

Movimentação dos bancos indica que situação continuará difícil

Por Leandro Mode , Lu Aiko Otta e Renée Pereira
Atualização:

O volume de crédito para empresas caiu 0,5%, ou R$ 1,8 bilhão, em abril, para R$ 386,3 bilhões. Segundo o Banco Central (BC), em maio, a tendência se manteve, com recuo de 0,8% até dia 14. As companhias amargaram, ainda, aumento de 0,3 ponto porcentual - para 18,3 pontos - no spread (diferença entre o custo de captação e a taxa de juros cobrada dos clientes). No dado parcial deste mês, a alta continua: 0,2 ponto. A julgar pela movimentação dos bancos, a situação deve continuar difícil, ao menos no curto prazo. Nas últimas semanas, as principais instituições financeiras do País anunciaram a queda do juro e/ou a ampliação dos prazos de financiamento para algumas modalidades voltadas às pessoas físicas, entre elas veículos e imóveis. Para as empresas, no entanto, não há novidades à vista. Entre terça-feira e ontem, o Estado procurou os três maiores bancos privados do País - Itaú-Unibanco, Santander-Real e Bradesco - para saber se estava prevista a divulgação de alguma medida na área de pessoas jurídicas nos próximos dias. Nenhum deles quis comentar o assunto. A reportagem também contatou a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC), que representa as instituições de pequeno e médio porte, para falar do cenário de crédito para as companhias brasileiras. Também não obteve resposta. Esses bancos foram o alvo principal de uma medida do Conselho Monetário Nacional (CMN), que ampliou para R$ 20 milhões a garantia para Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Com isso, essas instituições poderiam voltar a captar dinheiro no mercado e repassá-lo para seus principais clientes, as empresas de pequeno e médio porte. Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, até terça-feira, R$ 4 bilhões já haviam sido captados por esses bancos depois que a regra entrou em vigor. O problema é que não se sabe se tal dinheiro está se tornando crédito. "A situação de fato melhorou para as grandes, mas não para as pequenas e médias empresas", disse o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz. Segundo ele, vários bancos voltaram a visitar clientes corporativos nas últimas semanas, mas levam em suas pastas e laptops exigências maiores do que as que vigoravam antes do aprofundamento da crise global. "Eles querem um bom histórico, o que é um problema para as empresas menores." A presidente da camisaria Dudalina, Sônia Hees, confirma que sente o problema no dia a dia. Segundo ela, o crédito melhorou de forma expressiva comparado ao auge da crise. "O grande problema está no nosso cliente, que é varejista. Esse não tem conseguido dinheiro para nada." O professor da Unicamp Júlio Sérgio Gomes de Almeida afirma que o comércio é mesmo um dos setores que mais têm sofrido. "Eles são a ponta que tem contato com o consumidor. Como os bancos temem o calote das pessoas, o medo se transfere às empresas do segmento." Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvido Industrial (Iedi), "as instituições privadas privilegiaram as famílias, de mais fácil avaliação e maior rentabilidade, vis-à-vis o crédito às empresas".

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