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Crédito agrícola terá mais R$ 5,5 bi

CMN altera regras e aumenta repasse obrigatório de bancos, que em troca terão redução do depósito compulsório

Por Fernando Nakagawa , Fabio Graner e BRASÍLIA
Atualização:

O Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou um conjunto de regras para reforçar em R$ 5,5 bilhões o crédito rural para a safra 2008/2009, atendendo às reivindicações dos produtores agrícolas, que também enfrentam a escassez de recursos provocada pela crise financeira internacional. "O governo atendeu ao setor para não colocar em risco a safra", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por telefone, ontem à noite de Washington. Os recursos, segundo o ministro, serão disponibilizados aos agricultores a um custo de 6,75% ao ano. Segundo ele, o Banco do Brasil já tinha antecipado R$ 5 bilhões ao setor, mas o dinheiro ainda era insuficiente para garantir liquidez às operações dos produtores rurais. Mantega disse que o governo decidiu liberar o compulsório para o setor agrícola e alterar a regra de exibilidade (quanto os bancos são obrigados a empregar no crédito rural), mas mantém os estudos em relação à alocação de recursos para as empresas que se dedicam às operações no comércio internacional (trading). Tradicionais parceiras dos produtores, essas empresas deixaram de fornecer crédito porque foram obrigadas a remeter recursos a suas matrizes para cobrir as perdas provocadas pela crise financeira mundial. O ministro acredita que, no momento em que forem realizados os leilões de linhas externas, essas empresas poderão ter acesso ao crédito. A mudança adotada na reunião extraordinária do CMN faz parte do programa de liberação de R$ 100 bilhões em compulsórios anunciado na segunda-feira pelo Banco Central, pois a interpretação é de que problemas de crédito também são problemas de liquidez. O CMN decidiu aumentar o direcionamento obrigatório de recursos dos depósitos à vista - que são os recursos depositados nas contas correntes - para o crédito rural. A alíquota passou de 25% para 30% do valor depositado nas contas, o que significa mais R$ 4,5 bilhões para o financiamento agrícola. Segundo o colegiado, a decisão é "temporária" e vale especificamente para o período entre 1º de novembro de 2008 e 30 de junho de 2009. O setor agrícola já sentia os efeitos da falta de recursos no mercado bancário. Nas últimas semanas, com o agravamento da crise financeira internacional, produtores estavam enfrentando dificuldades para conseguir crédito nos bancos. Para tentar amenizar o efeito dessa falta de dinheiro disponível, o Banco do Brasil decidiu antecipar a liberação de R$ 5 bilhões em crédito rural previsto para a safra 2008/2009. A medida de ontem anunciada pelo CMN e BC vem se somar ao esforço do governo, que não quer colocar em risco a safra agrícola. A avaliação da equipe econômica é que problemas na safra poderiam alimentar a inflação no País. Para compensar o direcionamento maior para o setor agrícola, o Banco Central também anunciou ontem à noite a diminuição da alíquota do depósito compulsório para os depósitos à vista, de 45% para 42%. Nesse caso, segundo a autoridade monetária, a decisão deve liberar até R$ 3,6 bilhões a partir de 29 de outubro. Dessa forma, CMN e BC fizeram uma operação casada, em que, de um lado, aumentaram o direcionamento obrigatório para o crédito rural em R$ 4,5 bilhões e, ao mesmo tempo, liberaram R$ 3,6 bilhões com a redução do compulsório sobre depósitos à vista. A diferença foi compensada com a redução da parcela livre dos recursos captados nas contas correntes. COLABOROU BEATRIZ ABREU NÚMEROS R$ 100 bilhões é o valor do programa de liberação de compulsórios, anunciado pelo Banco Central 25 % é a alíquota do compulsório sobre o valor depositado nas contas para o crédito rural 30 % é a nova alíquota para o período de 1º/11/2008 a 30/6/2009

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