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Crédito bancário já atrai empresas

Empréstimo a pessoas jurídicas cresceu 1,7% em junho; para o BC, queda nos juros explica movimento de retorno

Por Fabio Graner e BRASÍLIA
Atualização:

Com a queda nas taxas de juros, o Banco Central tem detectado que os bancos voltaram a ser vistos como uma opção interessante de financiamento das grandes empresas. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirmou ontem, com base em informações de instituições financeiras, que há um movimento de retorno das empresas para os financiamentos via bancos, depois de um período (final de 2006 e início de 2007) em que a tendência foi a busca do mercado de capitais - emissão de ações ou venda de títulos privados. Segundo Altamir, ainda não é possível explicitar esse movimento com base nos dados sobre os financiamentos bancários no Brasil, divulgados ontem pelo Banco Central. Os dados mostram um aumento de 1,7% nos empréstimos para pessoas jurídicas em junho, na comparação com maio. No total, o volume de crédito no Brasil cresceu 1,3% no mês passado, atingindo a marca de R$ 799,2 bilhões, o equivalente a 32,3% do Produto Interno Bruto (PIB). No primeiro semestre, o saldo de financiamentos cresceu 9,1%, acumulando alta de 21,4% no período de 12 meses. De acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada para pessoas jurídicas em junho caiu para 23,7%, o valor mais baixo desde outubro de 2002. E em julho, nos dez primeiros dias do mês, já foi para 22,9%, taxa que, se confirmada, será a menor da série histórica do Banco Central. Na média geral de todas as operações, a taxa de juros caiu em junho para 37% ao ano , nova mínima da série. As informações parciais de julho mostram nova queda na média geral, para 36,4% anuais. No segmento das pessoas físicas, a taxa média teve discreto recuo, para 48,4% ao ano. A mais cara das operações de crédito do sistema financeiro, o cheque especial, rompeu em junho a barreira de 140% ao ano e atingiu 139,7%, menor nível desde dezembro de 1999. Altamir destacou que algumas modalidades de financiamento para empresas estão com taxas de juros "bastante competitivas" e, por isso, atraindo as companhias. "O capital de giro tem sido bastante demandado", exemplificou, destacando também o segmento de aquisição de bens, o que refletiria o aumento nos investimentos. O volume de operações totais no capital de giro em junho subiu 3,6% e em aquisição de bens, 4,8%. Já as taxas de juros dessas modalidades tiveram queda no mês passado, ficando em 20,2% no capital de giro e em 16,3% em aquisição de bens. MOVIMENTO NATURAL A economista da Tendências Consultoria, Ana Carla Abrão Costa, avalia que o movimento das empresas é natural e que o crédito bancário e o financiamento via mercado de capitais são mecanismos complementares para as empresas. Segundo ela, é normal as empresas buscarem os bancos em um período de aumento da atividade econômica e de demanda por crédito. "A aceleração do crédito continua muito forte. Esperávamos um arrefecimento, mas o ritmo de expansão segue a taxas elevadas, tanto na pessoa jurídica como na física", disse a economista.

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