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Crédito continua a aquecer o consumo doméstico

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Por Redação
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Há muita preocupação com o excesso de consumo na economia brasileira, que pode favorecer a inflação, mas por enquanto o governo nada fez para controlar essa situação. Anunciou um corte de R$ 10 bilhões nas despesas (que o Congresso se apressou em compensar), mas não tomou nenhuma medida para conter o crédito - principal motor do crescimento da demanda, que em abril aumentou R$ 16,2 bilhões, com as instituições financeiras públicas respondendo por R$ 5 bilhões nesse aumento.No tocante ao crédito livre, constata-se que o saldo dos empréstimos cresceu, em abril, relativamente a março, 0,5% para as Pessoas Jurídicas (PJs), mas 2,4% para as Pessoas Físicas (PFs). Isso mostra claramente que o governo continua com sua política de estímulo ao consumo das famílias, sem que a produção possa acompanhar o crescimento dessa demanda. Registrou-se uma redução de 8,7% no acumulado das concessões de operações de crédito, que poderia ser interpretada como o início de uma política de contenção do crédito, mas que na realidade apenas reflete o fato natural de que o mês de abril teve três dias úteis a menos do que o mês de março.Poder-se-ia esperar, do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), que se mostrasse preocupado com essa tendência, mas, ao comentar os números de abril, ele ponderou, ao contrário, que os bancos privados devem acelerar as concessões de crédito. Informou também que o prazo médio das operações de crédito foi recorde em abril: para as PFs subiu para 538 dias, ante 531 em março. Explicou que isso é reflexo da expansão do crédito imobiliário, com prazo médio de 3.578 dias.A elevação da taxa Selic no final de abril teve pouco efeito sobre as taxas praticadas pelo bancos, que ficaram em 26,3% para as PJs, e aumentaram de 41%, em março, para 41,1%, em abril.Mas até 13 de maio registrava-se um aumento das taxas, que passaram a 41,8% para as PFs. Essa alta, no entanto, não parece ter tido efeito sobre o volume de crédito, que até a primeira quinzena de maio continuou crescendo.Com isso temos um quadro favorável à continuidade do crescimento do consumo das famílias, alimentado ainda pela queda do desemprego, pelo aumento dos gastos do governo e pela melhoria da renda dos trabalhadores.É uma situação que os investimentos da indústria não conseguem acompanhar e, com isso, as importações estão explodindo.

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