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Crédito cresce 2,9% em outubro, mas novos empréstimos caem 3%

Segundo o BC, bancos ficaram mais conservadores; dados de novembro indicam melhora

Por Fabio Graner e Fernando Nakagawa
Atualização:

A crise financeira internacional levou a uma redução nas concessões de novos empréstimos bancários em outubro, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). O volume desses financiamentos caiu 3% em relação a setembro. Se for considerada a média diária dessas concessões, a redução foi ainda maior: 7,3%. Em setembro, os bancos emprestaram, em média, R$ 7,4 bilhões por dia, valor que caiu para R$ 6,8 bilhões no mês passado. Com isso, o estoque de crédito na economia diminuiu o ritmo de crescimento para 2,9%, atingindo R$ 1,186 trilhão em outubro. Esse montante equivale a 40,2% do Produto Interno Bruto (PIB), novo recorde da série iniciada em julho de 1994. A expansão do estoque total de crédito é explicada pela incorporação dos juros dos financiamentos e também porque houve novos empréstimos no mês passado, ainda que em volume menor do que em setembro. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, os bancos têm adotado critérios mais rigorosos para a realização de novos empréstimos. Além disso, os juros mais altos ajudam a inibir a expansão do segmento. Entre os clientes, avaliou Altamir, o conturbado cenário econômico tem diminuído a disposição para a tomada de crédito. "A crise afetou todos os agentes do mercado de crédito, seja na oferta ou na demanda", disse Altamir. "É natural, em momentos como este (de crise), que o sistema financeiro fique mais conservador." Apesar do quadro desfavorável de outubro, o Banco Central informou que os números preliminares de novembro mostram recuperação. Nos 8 primeiros dias úteis, o volume de novos empréstimos subiu 5,7% na comparação com igual período de outubro. O crescimento de 2,9% no estoque total de crédito surpreendeu o economista Bruno Rocha, da Tendências Consultoria. "Os números são bem melhores do que eu esperava", disse. Mesmo assim, ele avalia que alguns segmentos já sentem os efeitos da crise. Estão nesse grupo o financiamento de veículos e o crédito pessoal. Nas contas dele, os empréstimos para a compra de automóveis despencaram 59% em relação a outubro do ano passado e 37% na comparação com setembro deste ano. No crédito pessoal, as quedas foram de 19% e 10%, respectivamente. Os dados, ressalta Rocha, já descontam a inflação do período. Outra tendência que, segundo o economista, já aparece no relatório do BC, é a busca busca por modalidades de crédito pré-aprovadas, como o cheque especial e o cartão de crédito. No primeiro caso, o crescimento foi de 4,5% em relação a outubro de 2007. No cartão de crédito, a alta foi de 22%. Isso indica, segundo Rocha, que os brasileiros que tiveram dificuldades para obter empréstimos em modalidades mais baratas migraram para outras mais caras - cuja vantagem é o fato de serem pré-aprovadas. O economista projeta expansão de 12% para o crédito pessoa jurídica no ano que vem e de 13% para as pessoas físicas (ante uma alta esperada de 16% para pessoas físicas e 22% para pessoas jurídicas neste ano).

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