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Crédito cresce e calote recua nos últimos dez anos

Saldo de carteiras de crédito é de R$ 2,5 trilhões em junho de 2013, com crescimento de 563,8%; inadimplência cai de 15,5% para 7,2%

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Apesar de o volume de crédito na economia brasileira ter dado um salto nos últimos dez anos, a inadimplência, especialmente das pessoas físicas, recuou. Entre junho de 2013, o saldo total das carteiras de crédito, incluindo pessoas físicas e jurídicas, crédito livre e direcionado, somou R$ 2,5 trilhões, um crescimento de 563,8% desde junho de 2003.

No caso do crédito livre destinado ao consumidor, a taxa de crescimento foi ainda maior no período: 766,7%. Enquanto isso, o calote do consumidor caiu mais da metade: era 15,5% do saldo da carteira em junho de 2003 e, no mesmo mês deste ano, recuou para 7,2%.

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"O avanço do crédito no Brasil não configurou uma bolha de inadimplência como a que ocorreu em outros países", afirma o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. Com base nos dados de crédito coletados mensalmente pelo Banco Central (BC), ele analisou a evolução dos indicadores no País nos últimos dez anos.

Segundo o economista, que realiza esse tipo de análise pelo segundo ano seguido, todos os indicadores do crédito num período de dez anos foram positivos, mas o que chamou a atenção foi a forte redução da inadimplência. "O grande temor era que um avanço expressivo do crédito pudesse gerar mais inadimplência. Mas não foi isso o que se viu, porque os bancos foram seletivos na aprovação dos financiamentos", afirma Ribeiro de Oliveira.

Ele faz essa afirmação olhando para os indicadores por período mais longo, de dez anos. No curto prazo, no entanto, houve aumento do calote desde meados do ano passado, que agora já dá sinais de queda, por causa do avanço da inflação e do endividamento excessivo do consumidor.

De toda forma, Ribeiro de Oliveira pondera que 7,2% de inadimplência do consumidor, que foi a taxa média em junho deste ano e considerada na análise para o período de dez anos, não é o nível mais baixo de calote dos últimos meses. Essa taxa também está acima dos padrões internacionais para economias de países fora de períodos de crise, como a enfrentada hoje por economias desenvolvidas, observa.

Entre junho de 2003 e junho deste ano, a taxa de juros ao consumidor caiu 46,5 pontos porcentuais: de 81,4% ao ano para 34,9%. O spread, que é a diferença entre o custo de captação dos bancos e as taxas de juros cobradas dos clientes, teve retração de 34 pontos porcentuais, de 58,5% ao ano para 24,5%. Em contrapartida, os prazos médios foram alongados e cresceram 388,8%, passando de 9,8 meses para 47,9 meses.

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"As condições do crédito melhoraram substancialmente e poderiam ser melhores ainda, se não fosse o baixo crescimento da economia brasileira", diz Ribeiro de Oliveira.

Na análise feita em 2012, também para o período de dez anos, a fatia do crédito total, consumidor e empresas, no PIB estava em 50,6%. Neste ano, atingiu 55,2%.

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