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Crédito de banco público cresce 4 vezes mais que o de privado

Estudo do Inepad aponta alta de 29,7% do crédito de instituições privadas entre agosto de 2008 e junho de 2009

Por e da Agência Estado
Atualização:

O volume mensal de crédito concedido pelos bancos públicos cresceu 29,7% entre agosto de 2008 e junho de 2009 no País, variação porcentual quase quatro vezes superior ao aumento de 7,51% do crédito liberado pelos bancos privados no período. Os dados constam no levantamento do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), feito a partir de dados do Banco Central (BC) e obtido pela Agência Estado.

 

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Em agosto do ano passado, mês anterior ao agravamento da crise mundial, os bancos públicos liberaram R$ 380,32 milhões em crédito, volume que cresceu em todos os meses seguintes, até atingir R$ 493,42 milhões em junho deste ano. Já o crédito concedido pelos bancos privados passou de R$ 729,7 milhões para R$ 784,83 milhões ao mês no período.

 

Ao contrário dos bancos públicos, a oferta dos privados recuou por dois meses seguidos, entre dezembro do ano passado e fevereiro de 2009. Já o volume total de crédito saltou 15,13%, de R$ 1,11 bilhão durante agosto no ano passado, para R$ 1,278 bilhão em junho deste ano.

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Segundo o professor titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e coordenador do Inepad, Alberto Borges Matias, as ações tomadas pelo governo após a crise foram refletidas no levantamento e, curiosamente, contrariaram o padrão do mercado de crédito no País. "As ações do governo na crise seguiram o ritmo verificado apenas anteriormente do mercado internacional, com taxas baixas de juros e volume alto de crédito", disse Matias.

 

Para o economista, os bancos privados não aumentaram o crédito no mesmo ritmo pelo temor de inadimplência e "por não terem o mesmo fator de empreendimento que o governo teve durante a crise", disse. "Com isso, vão perder mercado", completou. E os dados apurados junto ao BC ratificam que a participação dos bancos privados no total de crédito oferecido no País caiu de 65,75%, em agosto de 2008, para 61,4%, em junho deste ano. Já a fatia dos bancos públicos cresceu de 34,25% para 38,6% no período.

 

Matias avalia ainda que o temor em relação à inadimplência não é justificativa para que os bancos privados restrinjam o crédito. O levantamento do Inepad aponta que o porcentual dos que não honraram compromissos acima de 90 dias saiu de 5,3% em agosto do ano passado para 6,7% em junho deste ano, que por sua vez mostra estabilidade em relação a maio. "Além de não explodir como esperado e de crescer pouco durante a crise, a inadimplência deu sinais que pode ter parado de aumentar, com os números iguais de maio e junho", avaliou.

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O Inepad analisou ainda a qualidade da dívida medida pela classificação de risco (rating) do total das operações de crédito no Brasil no período e concluiu que houve praticamente uma estabilidade. Apesar de haver uma redução de 24,58% para 20,27% nas dívidas classificadas como "AA", as dívidas de rating "A" cresceram de 40,21% para 43,04% do total. Essas dívidas são dos credores completamente adimplentes, ou seja, sem nenhum dia de atraso.

 

O instituto avalia ainda que, de maneira geral, o movimento aponta uma pequena queda na qualidade de dívidas de crédito no País. O estudo conclui que mesmo em meio à crise e à volatilidade dos mercados globais, o Brasil sustentou o crédito.

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