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Crédito deve registrar menor alta desde 2003

Oferta mais restrita dos bancos, juros altos e menor avanço na renda do trabalhador vão desacelerar o ritmo de financiamentos

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Texto alterado às 19h de 18/03/2014 para correção de informações

O crédito total que os brasileiros usam para comprar carro, casa e outros bens, além de financiamentos no cartão de crédito, no cheque especial e do crédito para uso pessoal, deve registrar neste ano a menor taxa de expansão desde 2003. A pisada no freio no ritmo de oferta de financiamentos sinalizada pelos bancos públicos, o encarecimento do crédito e o menor avanço na renda do trabalhador reforçam a perspectiva de desaceleração no volume de empréstimos. Para 2014, o saldo da carteira de recursos destinados às compras das pessoas físicas, incluindo recursos livres e direcionados, deve atingir R$ 1,4 trilhão, com crescimento de 7,8%, descontada a inflação do período, nas contas da Tendências Consultoria Integrada. Se a projeção se confirmar, este será o quarto ano consecutivo de desaceleração do ritmo de crescimento do crédito a pessoas físicas. Em 2013, a expansão real foi de 9,8%, e em 2011 e 2012, de 11,4% e de 10,4%, respectivamente. Em períodos anteriores, o crescimento passava de 20% ao ano. "Depois da festa do crédito ao consumidor, este será um ano de crescimento moderado", afirma a economista da consultoria, responsável pelas projeções, Mariana Oliveira. Ela atribui a desaceleração de dois pontos na taxa de crescimento do saldo da carteira total prevista para este ano basicamente à perda de ritmo dos financiamentos direcionados, principalmente da carteira imobiliária. O saldo da carteira direcionada, que cresceu 24,7% em termos reais em 2013, deve se expandir 13,8% este ano. Para a carteira de recursos livres, que inclui veículos, crédito pessoal e cartão, a projeção é de uma pequena aceleração, 3,8%, depois de um avanço de apenas 1,6% em 2013, provocado pelo tombo de 5,8% no saldo da carteira de veículos. "Os bancos públicos pretendem limitar o crédito imobiliário, que deve ter uma desaceleração importante este ano", afirma Mariana. Em 2010, o saldo da carteira de crédito imobiliário tinha crescido 47% em termos reais; no ano passado, 26%. A projeção da consultoria para este ano é de 18%. Para o economista da LCA Consultores Wermeson França, o mercado de crédito imobiliário não terá mais a pujança dos últimos anos. Ele observa também que até mesmo o crédito consignado, aquele com desconto na folha de pagamento, já está saturado. "A concorrência é muito forte, não tem espaço para crescer e o spread está caindo."

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