
17 de março de 2009 | 12h25
O executivo afirmou que os preços do boi recuaram nos últimos 20 dias, mas que as cotas estão distantes dos R$ 42 registrados em 2005, quando foram diagnosticados focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná.
Pacote
Salazar fez duras críticas a um possível pacote do governo de ajuda às grandes indústrias do setor. "Eu queria entender porque é preciso socorrer companhias que cometeram erros internos, com a injeção de recursos em empresas que entraram com pedido de recuperação judicial", afirmou. Notícia publicada ontem no jornal Valor Econômico dizia que o governo injetaria recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil nos grandes frigoríficos.
"Ninguém está pensando em socorrer os pequenos e médios, que respondem por 70% do abastecimento do mercado interno", afirmou Salazar. Ele disse ainda que muitos frigoríficos cresceram "quando o sol brilhava para todos". "Agora, na sombra, o governo vai ajudar essas empresas que cometeram erros", afirmou.
Já o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca, defendeu um "programa de apoio" do governo à indústria frigorífica e rebateu as críticas da Abrafrigo de que o pacote beneficiaria apenas os grandes frigoríficos. "O BNDES está aberto à todos os frigoríficos que tiverem com balanço em dia", afirmou Gianetti da Fonseca, lembrando que o BNDES opera com linhas do Fundo de Amparo ao Trabalhado (FAT), que tem o objetivo de manter o nível de emprego.
Ao chegar ao Senado para participar da audiência, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse desconhecer qualquer pacote que estaria sendo preparado pelo governo para ajudar os frigoríficos. Ele afirmou também que o governo não pode adotar medidas generalizadas de apoio aos frigoríficos que enfrentam dificuldades financeira porque ainda não tem a dimensão exata do problema.
Exportação
Stephanes disse ainda que a saída para a crise dos frigoríficos está no mercado externo. Ele declarou que determinou uma redução nos prazos das negociações comerciais que estão em andamento no Ministério da Agricultura e voltou a afirmar que aposta no crescimento das exportações da carne bovina para a União Europeia (UE).
O ministro lembrou que o mercado europeu já foi responsável por 18% do volume e 30% da receita cambial das exportações brasileiras de carne bovina. Esta participação caiu a zero no começo de 2007, quando a União Europeia pôs em cheque o modelo de rastreabilidade do rebanho bovino adotado pelo Brasil. "Exportamos agora um terço do que exportávamos e temos que trabalhar muito para retomar esta participação", afirmou o ministro, ao ressaltar que o esforço deve partir dos frigoríficos exportadores.
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