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Crédito interbancário trava;bancos perguntam 'quem é próximo?

Por MIKE DOLAN AND KIRSTEN DONOVAN
Atualização:

As operações financeiras e os empréstimos interbancários quase foram interrompidos nesta segunda-feira, com os bancos cada vez mais temerosos em negociar uns com os outros após o quase colapso do banco de investimento Bear Stearns e em meio ao rumor de mais uma rodada de ajuda coordenada pelos bancos centrais. Com as ações de bancos e o dólar norte-americano despencando, o acesso das instituições financeiras a empréstimos interbancários era medido a conta-gotas. Operadores diziam que o mercado de balcão está altamente discriminatório, dependendo do nome do banco. As taxas publicadas não eram confiáveis, e analistas disseram que qualquer banco que já não tenha reservado recursos para mais de uma semana vai ter dificuldade em levantar dinheiro. "O quase colapso do Bear e a aquisição aceleram a crise de liquidez e a crise do mercado aberto", disse Willem Sels, analista da Dresdner Kleinwort, em nota a clientes. "A aversão dos bancos a risco e a sensibilidade ao risco de contrapartida devem aumentar ainda mais, levando a maior pressão nos hedge funds. Os mercados abertos estão tendo um despertar brutal." SEM LIQUIDEZ Pessoas ligadas a bancos disseram que estão tendo dificuldades para avaliar os acontecimentos desde que o Federal Reserve de Nova York anunciou, na sexta-feira, que estava auxiliando o Bear Stearns via JPMorgan . A preocupação intensa com a estabilidade e a solvência de outras instituições financeiras secou os volumes no mercado de crédito. Em uma tentativa de minimizar o contágio, e em conjunto com a venda em liquidação do Bear Stearns para o JPMorgan, o Fed cortou no domingo a taxa de redesconto em 0,25 ponto percentual, para 3,25 por cento, e anunciou outra série de medidas de liquidez. Mas com a preocupação sobre a possibilidade de outras empresas traçarem um destino similar ao do Bear Stearns, cada operação provocava muito nervosismo. "Esta manhã está bem sem liquidez. Se você quiser um empréstimo sem garantia, você realmente vai ter que pagar mais por isso. A situação está realmente bem intensa", disse David Keeble, analista da Calyon. Os bancos puxavam a fila de perdas no mercado de ações europeu, que caía mais de 3 por cento. O Royal Bank of Scotland perdia 7 por cento. O UBS e o Barclays cediam cerca de 8 por cento. O HBOS e o Alliance & Leicester tinham baixa de aproximadamente 10 por cento. As ações do Lehman Brothers despencavam 22 por cento, mas chegavam a perder 34 por cento antes da abertura do mercado em Wall Street. "Todos estão perguntando: quem é o próximo? Há um Bear Stearns na Europa? Os bancos de investimento podem começar a quebrar?", afirmou o estrategista do BNP Paribas, Edmung Shing. O problema era visto como particularmente agudo nos mercados em libra esterlina. Alguns analistas disseram que os principais participantes do mercado interbancário vinham fazendo até 700 milhões de libras em negócios na semana passada, uma fração dos muitos bilhões de dólares que vinham sendo feitos há um ano. O volume era ainda menor nesta segunda-feira. PROBLEMAS EM TODA PARTE A taxa de empréstimo interbancário em euro também estava cerca de 65 pontos-básicos acima juros do Banco Central Europeu (BCE), em comparação a cerca de 40 pontos no começo do mês. O pico foi atingido no final do ano passado, a cerca de 90 pontos. Um porta-voz do ministério alemão das Finanças disse que não está planejado nenhum encontro extraordinário do Grupo dos Sete, que reúne as principais economias do mundo. "Estamos monitorando muito de perto os acontecimentos nos Estados Unidos", disse. Com o dólar deslizando para mínimas recordes, operadores disseram que os mercados de opções cambiais também estavam secando. (Reportagem de Jamie McGeever e Sitaraman Shankar) REUTERS SC RF

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