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Crédito: maior rigor para concessão

O aumento da inadimplência e a falta de boas perspectivas por conta da alta da taxa básica de juros deve fazer com que as administradoras de crédito tenham mais rigor ao conceder empréstimos e financiamentos.

Por Agencia Estado
Atualização:

Além de pagar mais caro pelo crédito, o consumidor deverá sentir maior rigor nos critérios de concessão de empréstimos a partir deste mês. A combinação desses movimentos deverá resultar numa retração no volume de financiamentos em abril. A Servloj, por exemplo, uma das maiores administradoras de crediário, prevê uma retração de 3% a 5% na concessão dos novos empréstimos em abril. O diretor da companhia, Oswaldo de Freitas Queiroz, explica que a combinação de juros mais altos com maior rigor na aprovação de novos empréstimos para compra de bens duráveis e do segmento de artigos de vestuário deve desacelerar o ritmo das vendas. Segundo Queiroz, a empresa planeja aumentar nesta semana em 0,3 ponto porcentual as taxas de juros cobradas nos financiamentos acima de seis vezes. Hoje esses encargos oscilam entre 6,5% e 7% ao mês e passarão a variar entre 6,8% e 7,3%. Os planos de alongar prazos e conceder crédito para 15 ou 18 meses foram, no momento, adiados pela companhia. Também a partir deste mês, Queiroz diz que os critérios de concessão usados para verificar os dados de quem procura um novo financiamento serão mais rigorosos. Um dos exemplos dados pelo executivo é o da concessão de crédito sem comprovação de renda, apenas com a checagem ao Serviço Central de Proteção ao Crédito, os números do RG e do CPF. "Para a compra de vestuário, atualmente o limite de empréstimo é de R$ 300 e, dentro de uma semana, deverá cair para R$ 200." Outra estratégia da empresa, que administra 120 mil carnês por mês, será antecipar as campanhas de recuperação de crédito, ressalta o diretor da Servloj. Ele conta que, nas próximas semanas, pretende iniciar campanhas com uso de empresas especializadas em cobrança. "Antes essas campanhas só ocorriam no fim do ano", diz Queiroz. Alta na inadimplência explica cautela para concessão de crédito A preocupação com o risco de crédito aumentou porque os números da inadimplência subiram em março (veja mais informações no link abaixo). De acordo com pesquisa da Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos), o volume de títulos protestados de pessoas físicas - carnês em atraso, notas promissórias entre outros - cresceu 6,1% em março na comparação com igual período de 2000. Em relação a fevereiro, o acréscimo foi 8,6%. No mês passado, a Servloj registrou perda 10,4% dos créditos a receber vencidos a cima de 180 dias, ante o índice de 10,8% obtido em fevereiro. "Esperávamos um recuo maior", diz Queiroz. Segundo ele, o ritmo de queda da inadimplência está muito lento e preocupa. "Já deveríamos ter voltado para os níveis de novembro", afirma. Segundo o assessor econômico da presidência da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, a aceleração do número de títulos protestados de pessoas físicas de fevereiro para março reflete o alongamento dos prazos efetuado pelo comércio a partir de outubro do ano passado e que foi potencializado com as vendas do Natal. Mas, apesar da recente alta dos juros, Almeida avalia que os números de inadimplência não são preocupantes, pois não está havendo uma alta do desemprego. Assim como Queiroz, da Servloj, o economista da Serasa acredita que o número decisivo para a inadimplência será o resultado de abril, que reflete as compras do fim do ano e indica a tendência de vendas para o Dia das Mães, a segunda maior data para o comércio, perdendo apenas em volume para o Natal.

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