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Crédito passa de R$ 1 trilhão pela 1ª vez

Volume cresce 2,5% em abril e atinge o equivalente a 36,1% do PIB

Por Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

O volume de crédito tomado por empresas e famílias no Brasil cresceu 2,5% em abril, o que levou o total das operações a atingir a casa do trilhão pela primeira vez. Dados do Banco Central mostram que o montante somou R$ 1,017 trilhão no mês passado, com um aumento de 30,9% em 12 meses - o equivalente a 36,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior nível desde 1995. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, aposta que os empréstimos devem continuar em alta nos próximos meses, principalmente entre as empresas, e reafirmou a previsão de que o crédito vai chegar a 40% do PIB até o fim do ano. Ele observou, porém, que há sinais de "acomodação" em alguns financiamentos para pessoas físicas, sobretudo no crédito consignado. A expansão do crédito tem ocorrido em um cenário que não cria preocupações para o BC, disse Altamir. De março para abril, o juro médio caiu 0,2 ponto porcentual, para 37,4% ao ano, e o spread bancário - diferença entre a taxa de captação e empréstimo - recuou 0,4 ponto, para 25 pontos porcentuais. Na mesma base de comparação, a inadimplência, que poderia ser motivo de preocupação, ficou praticamente estável, passando de 4,1% para 4,2%. Altamir diz que esse cenário, somado ao crescimento da economia, tem encorajado famílias e empresas a pegar dinheiro nos bancos. Pessoas jurídicas, em especial as indústrias, são os clientes que têm liderado essa expansão. Em abril, o volume emprestado ao setor industrial aumentou 3%, acima da média do mercado. O ritmo é explicado pela dinâmica mais acelerada da economia, que exige novos investimentos. Petroquímica, metalurgia, mineração, construção civil e álcool lideram. Fora da indústria, lojas de veículos e de departamentos, consultorias e companhias de telecomunicação são outros destaques. Entre as pessoas físicas, a compra de veículos por leasing é a grande líder. Em abril, essas operações aumentaram 7,2% e em 12 meses saltaram 124%. Às vésperas do Dia das Mães, o cartão de crédito foi outro destaque em abril, com expansão mensal de 3,3%. Na média, o crédito para as famílias cresceu 2,6% no mês. ACOMODAÇÃO Apesar dos recordes, o ritmo do crédito para a pessoa física dá sinais de alguma desaceleração. "É possível ver uma pequena acomodação nas operações para a pessoa física", disse Altamir. "O consignado, por exemplo, cresceu 2,4% em abril. Essa taxa de expansão já foi de até 8% por mês." Ele observou que o volume de operações chegou a um nível "bastante elevado", o que "diminuiu a margem de crescimento porque há um público específico para esse crédito". O empréstimo com desconto em folha é concedido basicamente a servidores públicos, trabalhadores formais da iniciativa privada e aposentados. Carlos Fagundes, professor de finanças do Ibmec-SP, concorda. "É de se esperar que a taxa de crescimento seja menos intensa porque o mercado é finito." Segundo ele, o consignado cresceu fortemente nos últimos anos porque o público que é atendido por esse segmento tinha dificuldades em tomar crédito. "Havia demanda, mas o acesso não era simples." Apesar dessa tendência, o especialista ressalta que o crédito deve continuar em expansão, ainda que em ritmo menor. Ele diz que o segmento imobiliário deve crescer ainda mais e o empréstimo para pequenas e médias empresas pode ser no futuro um indutor de crescimento da economia.

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