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Crédito sobe após redução de juros

Banco Central refaz projeções para aumento de crédito este ano de 15% para 17%, puxado pelos financiamentos de bancos públicos

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Fernando Nakagawa , Eduardo Rodrigues e BRASÍLIA
Atualização:

A inesperada redução do juro em agosto já começa a fazer efeito. Após a forte expansão do crédito no primeiro semestre e diante da aposta do mercado de que a Selic deve continuar a cair, o Banco Central elevou de 15% para 17% a projeção de crescimento dos empréstimos a empresas e famílias em 2011. A instituição também prevê que bancos públicos devem ultrapassar os privados e voltar a liderar a concessão de empréstimos.As novas projeções para o crédito mostram que, apesar da forte crise, os empréstimos seguem em ritmo vigoroso e chegarão ao fim do ano com o equivalente ao recorde de 49% do PIB. A previsão anterior era de 48%, bem perto dos 47,8% vistos em agosto.O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, disse que o maior ritmo dos empréstimos é explicado especialmente pelo bom desempenho no ano até agosto. Só no mês passado as operações cresceram 1,7% ante julho, no maior ritmo mensal desde novembro de 2010. Ao todo, bancos mantêm R$ 1,88 trilhão em empréstimos no País. Apesar de ter elevado as previsões, o BC ressalta que os números mostram desaceleração. Neste ano, diz Maciel, o crédito deve crescer menos que os 20,6% de 2010 e os 31,1% de 2008. Entre os bancos controlados pelo governo - BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal -, o crédito deve crescer 18%, ante previsão de 15%. Assim, essas instituições devem liderar o mercado em 2011, já que os privados nacionais devem ter expansão de 17% (ante previsão de 15%) e a estimativa para os estrangeiros seguiu em 16%.Um dos motivos que levam os bancos públicos a emprestar cada vez mais é o crédito para operações como o financiamento imobiliário - dominado pela Caixa - e empréstimos para empresas, liderado pelo BNDES. O professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas, Fabio Gallo, diz que as projeções mais otimistas do BC não surpreendem. "As medidas prudenciais e o aumento do juro no primeiro semestre só tiraram o pé do acelerador. Agora, com a previsão de novos cortes do juro, é natural que o mercado ganhe força." Ele alerta, porém, que a decisão do BC para os juros gera riscos. Se a economia afundar como prevê o governo, explica, haverá um universo ainda maior de empresas e famílias endividadas que podem aumentar a fila dos inadimplentes. Já se a economia seguir bem, o risco é a inflação. "Tudo isso mostra que o BC mudou e, aparentemente, está disposto a correr mais riscos."Inadimplência. Enquanto o crédito continua a crescer, a inadimplência dos tomadores voltou a subir em agosto e chegou a 5,3% de todas as operações no País. A proporção de calotes é a maior desde janeiro do ano passado, quando os atrasos superiores a 90 dias chegaram a 5,5%.

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