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Crédito sobe e juro médio cai em setembro, diz Banco Central

Aumento no volume de dinheiro disponível nos bancos está relacionado às medidas adotadas pelo BC para liberar para as instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos durante a pandemia

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Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - O volume total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,9% em setembro ante agosto, para R$ 3,809 trilhões, informou nesta segunda-feira, 26, o Banco Central. Em 12 meses, houve alta de 13,1%.

Os dados foram influenciados pelos efeitos da pandemia do coronavírus, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas - em especial, nos meses de março e abril. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Desde o início da pandemia, o BC autorizou mais de R$ 1,2 trilhão em recursos para o mercado financeiro. Foto: Andre Dusek/Estadão - 14/10/2014

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O aumento no crédito bancário no acumulado deste ano está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos durante a pandemia.

Em setembro ante agosto, houve alta de 1,4% no estoque de recursos para pessoas físicas e de 2,6% para pessoas jurídicas (empresas).

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre (dinheiro que os bancos podem emprestar em qualquer linha) avançou 1,9% em setembro, enquanto o de crédito direcionado (rural, financiamento para casa própria e BNDES) apresentou alta de 2,0%.

No crédito livre, houve aumento de 1,5% no saldo para pessoas físicas no mês passado e de2,4% para as empresas.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 51,9% para 52,8% na passagem de agosto para setembro.

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As projeções do BC, atualizadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, indicam expansão de 11,5% para o crédito total em 2020. A projeção para o crédito livre em 2020 é de alta de 12,5% e, para o crédito direcionado, é de elevação de 10,1%.

Juro médio cai, mas cheque especial tem alta

Os juros bancários médios com recursos livres (sem contar habitacional, BNDES e rural) de pessoas físicas e empresas, por sua vez, recuaram de 26,5% ao ano em agosto para 25,7% ao ano no mês passado. Somente para pessoas físicas, a taxa passou de 39% para 38% ao ano na mesma comparação.

A queda do juro bancário no mês passado não englobou as operações com cheque especial, cuja taxa passou de 112,9% ao ano em agosto (6,5% ao mês) para 114,2% ao ano no mês passado, o equivalente a 6,6% ao mês. Nessa modalidade, o BC adotou um teto para os juros.

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O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 0,3 ponto porcentual de agosto para setembro. A taxa passou de 310,2% para 309,9% ao ano.

O rotativo do cartão e o cheque especial são modalidades de crédito emergencial muito acessadas em momentos de dificuldades. 

O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. A taxa da modalidade rotativo regular - em que houve o pagamento mínimo da fatura - passou de 270,3% para 268,6% ao ano de agosto para setembro. Na modalidade rotativo não regular - em que não foi feito o pagamento mínimo - taxa subiu de 335,2% para 336,8% ao ano. 

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No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 137,8% para 142,1% ao ano.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 65,1% para 62,3%.

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Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, com juros mais baixos. A intenção do governo com a regra era permitir que a taxa para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia.

A taxa de inadimplência média passou de 2,6% para 2,4% de agosto para setembro. No caso das operações com pessoas físicas, a inadimplência passou de 3,3% em agosto para 3,1% no mês passado, e nas empresas, caiu de 1,8% para 1,5% na mesma comparação.

A queda dos juros bancários médios e das operações com pessoas físicas acontece em um momento de recuo da taxa básica de juros da economia. Em agosto, houve nova queda, para 2% ao ano (mínima histórica), patamar que foi mantido em setembro.

De acordo com o BC, o chamado spread bancário (diferença entre quanto bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes) médio com recursos livres passou de 22,1 pontos porcentuais, em agosto, para 21,1 pontos percentuais em setembro.

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Mesmo com o repasse da queda do juro básico da economia na parcial deste ano, o spread bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.

O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

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