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Credores da OGX dependem da Petronas

Sem dinheiro da estatal, aumentam as chances de a petroleira de Eike não pagar juros aos detentores de bônus, afirma analista

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

As chances de detentores de bônus da OGX sofrerem um calote no pagamento de juro previsto para outubro são palpáveis caso a transferência dos US$ 250 milhões que a Petronas tem a fazer para a companhia não ocorra a tempo, disse o diretor executivo de Finanças Corporativa e Reestruturação Societária da FTI Consulting no Brasil, Sam Aguirre

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A quantia refere-se à primeira parcela do pagamento de US$ 850 milhões por 40% nos blocos BM-C-39 e BM-C-40, do Campo de Tubarão Martelo, localizado na Bacia de Campos, adquirida pela petroleira malaia em maio. O ingresso dos recursos depende, entretanto, da aprovação do negócio pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que ainda está analisando o caso. "Sem a transferência dos US$ 250 milhões, é pouco provável que a companhia consiga honrar esse compromisso, dada a situação presumida de seu caixa a partir de cálculos, com base nos números disponíveis de balanço de 31 de março e dos desembolsos ocorridos desde então", disse.

Aguirre participou anteontem de um encontro com investidores estrangeiros (entre eles credores da OGX e da OSX) em Nova York, para explicar a lei de falências brasileiras. Esse encontro havia sido organizado no começo de junho. Segundo ele, frente à demanda dos investidores estrangeiros por informações sobre as empresas do grupo "X", o FTI resolveu ampliar o tema do encontro para esclarecer as principais dúvidas dos credores quanto à liquidez do grupo.

"Trabalho com reestruturação de empresas há muitos anos e a OGX já tem todos os elementos de uma companhia pré-default (calote)", acrescentou. Aguirre disse que em 31 de março a OGX possuía um caixa de US$ 1,1 bilhão, do qual, descontando-se os US$ 449 milhões repassados para a OSX e mais US$ 120 milhões referentes ao juro (cupom) dos bônus de 2022 feito em junho, restariam "cerca de US$ 400 milhões". "Esse montante é irrisório para uma companhia com um compromisso de investimento (capex) do tamanho da OGX e os credores estão de olho nisso", disse.

Aguirre lembra ainda que a OGX terá de desembolsar US$ 160 milhões para a ANP se resolver manter a compra dos blocos da 11ª rodada de licitações de petróleo. A OGX tem US$ 3,6 bilhões em dívida com credores externos, por meio de bônus com vencimento em 2018 e 2022.

Hoje, os papéis voltaram a cair para níveis recordes de baixa. O bônus que vence em 2018 terminou o dia a 15,750% do valor de face, enquanto o papel que vence em 2022, a 14,50% do valor de face.

Crise.

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A situação da OGX se agravou depois que uma série de poços da empresa se revelou inviável para produção, contrariando as expectativas ousadas sempre alardeadas por Eike Batista na mídia.

Há duas semanas, ele jogou a toalha: a produção no campo de Tubarão Azul deve cessar em 2014, dois anos após retirado o primeiro óleo. Outros três campos foram suspensos três meses após a declaração de comercialidade. A OGX invalidou as projeções divulgadas anteriormente.

Em junho, Eike Batista também reduziu sua participação na petroleira, que até pouco tempo era a principal empresa do grupo, gerando desconfiança entre os investidores.

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