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Credores recebem R$ 4,2 bi e dão 4 meses para Sete Brasil quitar dívida bilionária

Empresa criada pela Petrobrás para administrar as sondas do pré-sal está perto de pedir recuperação judicial, com uma dívida de R$ 14 bilhões; segundo fontes, o próprio ministro da Fazenda entrou na negociação que deu mais uma chance à companhia

Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Foto do author Adriana Fernandes
Por Murilo Rodrigues Alves e Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - Os bancos credores da Sete Brasil, criada para construir e administrar as sondas da Petrobras no pré-sal, fecharam acordo para prorrogar por quatro meses a dívida da empresa, que já chega a R$ 14 bilhões. Uma das exigências para o novo prazo foi receber R$ 4,2 bilhões da garantia dos financiamentos, segundo apurou o Estado. O pagamento será feito com recursos do Fundo de Garantias para a Construção Naval (FGCN), administrado pela Caixa.

Depois que assumiu o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa entrou em campo na “gestão da crise” para fechar a negociação que deu uma chance à empresa, que estava fadada a entrar em recuperação judicial por não ter caixa para pagar os credores. De acordo com uma fonte envolvida nas negociações, Barbosa teve papel decisivo para evitar que os principais bancos do País iniciassem uma guerra judicial envolvendo BNDES e Petrobrás pela provável quebra da fornecedora.

Sete Brasil foi criada para explorar o pré-sal Foto: Divulgação

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Para os credores e os sócios da companhia, havia uma lacuna por parte da equipe econômica, que se mantinha distante do imbróglio, embora a criação da Sete tenha sido um projeto bilionário lançado pelo governo. “Caso não houvesse uma ação do governo, haveria uma judicialização já”, afirmou uma fonte. Agora, pelo menos, a empresa terá um prazo maior, mesmo que não descarte a possibilidade de recuperação judicial.

A parcela que cada instituição vai receber é proporcional aos desembolsos feitos à companhia. Do valor inicial de R$ 12 bilhões – que já está maior –, o maior financiador foi o Banco do Brasil, com empréstimos que superaram R$ 3 bilhões. Bradesco, Itaú BBA e Santander liberaram em torno de R$ 2 bilhões cada um. A Caixa ficou com R$ 1,5 bilhão e o Standard Chartered – que já executou a garantia – com a menor parte, US$ 250 milhões.

O valor que será pago como garantia representa entre 27% e 28% do total das garantias dadas pelo FGCN, segundo fontes a par do assunto. Trata-se da sétima vez que os credores dão mais prazo para que a empresa pague a sua dívida. O FGCN só tem recursos para cobertura de R$ 4,5 bilhões do total dos empréstimos-ponte. Com o pagamento, o fundo, abastecido com recursos públicos, ficará praticamente zerado.

A Sete Brasil foi criada por iniciativa da Petrobrás para que fabricasse e administrasse 28 sondas do pré-sal. A petroleira, no entanto, reduziu o número de embarcações para 15 num primeiro momento. Agora, discute-se um novo corte, para apenas seis sondas. A Sete Brasil ainda está envolvida nas investigações de corrupção da Operação Lava Jato, o que fez com que a área técnica da Petrobrás aumentasse as exigências para fechar acordo com a companhia.

Entre os sócios da Sete Brasil estão os fundos de pensão Petros (Petrobrás), Previ (Banco do Brasil), Valia (Vale) e Funcef (Caixa), além do Santander, Bradesco e BTG Pactual.

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