
20 de abril de 2016 | 22h37
Dessa alta de 2,8 pontos no desemprego, 90% se deveu ao crescimento do nível da população que participa do mercado de trabalho (População Economicamente Ativa, ou PEA) e 10% à queda do nível de ocupados propriamente. A PEA, que vinha até 2014 desacelerando o crescimento, devido à saída de jovens do mercado de trabalho por motivos de estudo ou nem-nens, passou a apresentar reversão da trajetória.
Em contrapartida, o total de pessoas economicamente inativas, a População Não Economicamente Ativa (Pnea), constituída majoritariamente de estudantes, donas de casa, aposentados, etc., está em queda. Isso ocorre pelo recuo da renda média e do poder aquisitivo das famílias, bem como ao maior desemprego dos chefes de família. Isso faz crescer a busca dos demais membros por emprego como complemento à renda.
Esse fenômeno tende a se agravar à medida que piora o nível de renda real da economia, que já acumulou perdas de 3,8% em fevereiro deste ano, ante fevereiro de 2015. Diante da continuidade da piora da renda nos próximos trimestres, é esperado que haja espaço para maior queda de inativos e aumento de jovens, mulheres e idosos em busca de emprego.
O desemprego médio projetado para 2016 pode atingir 11,7%, acompanhando a queda de PIB de -3,8%, esperada para o ano. Entretanto, muito do cenário futuro de atividade pode ser revisado em função de mudanças nas incertezas da economia. Caso uma mudança de governo consiga com êxito recuperar a credibilidade e confiança de empresários e consumidores, é possível que o cenário de recessão e desemprego se reverta.
*Pesquisador do Ibre/FGV e especialista em Mercado de Trabalho
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