A aversão ao risco nos mercados domésticos cresceu ao longo da tarde desta terça-feira, 05, levando os juros a ampliarem a alta, enquanto o dólar também acelerava os ganhos ante o real e a Bolsa batia mínimas. O dólar na casa dos R$ 3,80 ajudou a impulsionar as apostas de alta da Selic no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho, que já aparecem nas curvas de juros com mais de 50% de probabilidade. A Selic está em 6,50% e a sinalização do Banco Central tem sido a de que a taxa ficará estável por muitos meses.
+ Dólar fecha em R$ 3,81, maior cotação desde março de 2016
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiu de 11,35% para 11,80% no fechamento da sessão regular desta terça. A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou na máxima de 10,95% (10,57% na segunda-feira) e a do DI para janeiro de 2021 encerrou na máxima de 9,05%, de 8,76% na segunda-feira. O DI para janeiro de 2019 avançou de 6,712% para 6,900% e para janeiro de 2020 foi de 7,62% para 7,89%.
Profissionais já avisavam que a melhora vista anteontem nos ativos não se sustentaria. É longa a lista de fatores negativos: receios de agravamento da crise fiscal após a crise dos combustíveis, possibilidade de mudança na política de reajuste de preços da gasolina, fortalecimento de candidatos com perfil heterodoxo nas pesquisas de intenção de voto para presidente e temor de aumento da ingerência política na área econômica.
+ Procuradores-gerais dos Estados repudiam fixação de alíquota máxima do ICMS de combustíveis
Na queda de braço dentro do governo e que já resultou na saída de Pedro Parente da presidência da Petrobrás, o mercado desconfia que a equipe econômica pode ficar enfraquecida e, por isso, adiciona prêmio à curva de juros. Entre os temores do investidor, está a dúvida sobre quem vai pagar a conta dos subsídios ao diesel.
+ Guardia nega que governo esteja discutindo subsídios para combustíveis
O mercado também piorou à medida em que os leilões extraordinários de contratos de swap cambial do Banco Central no começo da tarde não foram capazes de aplacar a trajetória ascendente da moeda americana. “O dólar ignorou a intervenção e o mercado foi para cima. O DI reagiu, com a leitura de que o nível do dólar pode ser uma preocupação para o BC na inflação”, disse um gestor.