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Cresce participação estrangeira nas ofertas públicas da CVM

Números da Comissão de Valores Mobiliários mostram que estrangeiro não tem mais receio de comprar participações minoritárias em empresas brasileiras

Por Agencia Estado
Atualização:

O investidor estrangeiro que quer aplicar no Brasil já não tem receio de comprar participações minoritárias em empresas brasileiras. Isso fica claro pela crescente participação desses investidores nas ofertas públicas de ações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que atingiram US$ 9,52 bilhões no ano passado. Esse volume representa metade (50,68%) dos US$ 18,782 bilhões dos chamados investimentos estrangeiros diretos (IED), contabilizados pelo Banco Central. Nesse tipo de investimento (IED), o investidor adquire o controle da empresa brasileira ou uma participação relevante no bloco de controle. Já na compra das ações oferecidas em oferta pública, o investidor adquire uma participação minoritária. Segundo dados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), os 42 lançamentos de ações registrados em 2006 somaram US$ 14,069 bilhões, dos quais US$ 9,52 bilhões foram adquiridos por estrangeiros. Isso representa cerca de 67,65% do total, comprados através de ADRs ou na aquisição de papéis nos lançamentos realizados na Bovespa. Ou seja, somando-se os investimentos diretos (IED, no valor de US$ 18,782 bilhões), e as compras de ações em oferta pública (US$ 9,52 bilhões), os estrangeiros adquiriram o equivalente a US$ 28,3 bilhões em participações em empresas brasileiras no ano passado. O movimento registrado em 2006 foi quase o dobro do observado no ano anterior. Em 2005 o Banco Central registrou investimentos estrangeiros diretos no setor real da economia (IED) no valor de US$ 15,066 bilhões, enquanto as compras de ações novas por estrangeiros somaram US$ 4,075 bilhões, o que representou uma relação de 27,04%. Ao todo, segundo a Bovespa, foram realizados 19 lançamentos de ações em 2005, no valor total de US$ 5,857 bilhões, dos quais os estrangeiros compraram 69,56% do total (os US$ 4,075 bilhões). Em 2004, os números eram ainda menos favoráveis à compra de ações em oferta pública, em relação aos investimentos estrangeiros diretos. Naquele ano, foram registrados 15 lançamentos de ações, no valor de US$ 3,04 bilhões, dos quais 69,20% ficaram com os estrangeiros (US$ 2,104 bilhões), o que representou uma relação de apenas 11,60% entre as compras de ações e os investimentos diretos no setor real da economia, que totalizaram US$ 18,146 bilhões. Para o superintendente de registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Carlos Alberto Rebello Sobrinho, está havendo uma "revolução" no mercado de capitais no País, com a firme participação de investidores estrangeiros. Em palestra para analistas na Apimec na quinta-feira, no Rio, Rebello afirmou que esse movimento tende a continuar. Nos dois primeiros meses do ano, por exemplo, a CVM registrou oito lançamentos, no valor de US$ 2,118 bilhões, dos quais 78,83% foram de responsabilidade de investidores estrangeiros. "Os bancos informam que o movimento continua forte e novos lançamentos estão a caminho", comentou. Rebello observa uma alteração relevante este ano, com o avanço do lançamento de ações. Nos últimos anos houve predomínio de emissões de debêntures, que são papéis de dividas. No ano passado, por exemplo, dos R$ 125 bilhões registrados pela CVM, R$ 69,5 bilhões foram de debêntures, com participação de 55,6%, enquanto as emissões de ações somaram R$ 31,3 bilhões, o que representou 25% do total. Nos dois primeiros meses deste ano, dos R$ 12,755 bilhões registrados na CVM, R$ 7,134 bilhões foram de ações, com 55,9% no total e apenas R$ 250 milhões em debêntures (2% do total). O volume do ano passado foi recorde absoluto no País e os dados sinalizam um ritmo forte de expansão nos últimos três anos. Em 2003, pelos dados da CVM, houve 14 lançamentos de papéis no País, subindo para 16 em 2004, 24 em 2005 e 52 no ano passado. Este ano, até agora, já são 13 lançamentos. Para o técnico do governo, a vantagem da colocação de ações é que há a capitalização das empresas, viabilizando mais investimentos, o que contribui para a geração de emprego e aumento da economia. O número de empresas abertas no Brasil, porém, ainda é pequeno, conforme mostrou a superintendente de relações com empresas, Elizabeth Machado, também na apresentação na Apimec. Segundo ela, o País conta atualmente com apenas 635 empresas de capital aberto, sendo que 399 têm registro na Bovespa. Outras 89 são registrados no Soma, ambiente de negócios criado pela bolsa paulista para empresas de menor porte, e 147 são negociadas em mercado de balcão, inclusive o Bovespafix e a Cetip. A Bolsa de Nova York negocia em seus pregões os papéis de 2.280 empresas, enquanto a Nasdaq, outra bolsa americana com forte presença de papéis do setor de tecnologia, registra 3.133 empresas. As duas principais bolsas americanas somam 5.413 companhias, o que representa mais de 13 vezes os papéis negociados no Brasil. O catálogo de empresas da Bovespa, porém, é superior ao número de companhias listadas no México, que registra 335 empresas, e cerca de metade da principal bolsa da Alemanha (Deutsche Borse), um dos países mais ricos do mundo.

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