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Cresce peso da inadimplência em ações locatícias em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

A capital paulista encerrou o primeiro semestre com 15.587 ações locatícias registradas pelo Tribunal de Justiça. O volume é 11,41% maior que as 13.991 de igual período de 2001. O destaque ficou para a participação dos processos por inadimplência sobre o volume total. A falta de pagamento gerou 14.665 ações (94,08% do total), ante os 13.134 casos do mesmo intervalo de 2001 (93,87% do total). O desemprego foi o principal motivo do avanço da inadimplência, conforme o vice-presidente de Locação do Sindicato da Habitação do Estado (Secovi-SP), Sergio Luiz Abrantes Lembi. "A falta de pagamento não é um problema só do mercado imobiliário, mas de toda a economia", afirmou à Agência Estado. Lembi observa ainda que a impontualidade (pagamento com atraso) atinge de 10% a 15% das carteiras de locação das imobiliárias. Junto com a falta de trabalho e o aperto da economia, os atrasos e a inadimplência estão se espalhando por todas as faixas de aluguel. "Eles estão disseminados por todas as classes", disse. Proprietários - Os proprietários de imóveis também começaram a sentir a retração econômica, conforme Lembi. A evidência é o aumento de 18,53% nas ações ordinárias, que envolvem a retomada do imóvel para uso próprio, de parentes próximos, reforma ou denúncia vazia. No primeiro semestre, foram registradas 582 ações do tipo em São Paulo, ante 491 em igual intervalo do ano passado. Para Lembi, isso significa que alguns proprietários estão tirando seus imóveis do mercado, seja para uso próprio, seja para vendê-lo, a fim de adquirir liquidez e honrar compromissos. "A crise também afeta os donos de imóveis", resumiu. Entre os tipos de ações locatícias, as renovatórias mantiveram-se estáveis no comparativo, com 226 ocorrências no primeiro semestre de 2002, mesmo volume do ano passado. O representante do Secovi-SP atribui a estabilidade à falta de crescimento do mercado de locação comercial, já que esse tipo de ação envolve a renovação compulsória dos contratos por cinco anos. Seu uso é exclusivo de pessoas jurídicas. Já as ações consignatórias, que tratam de divergências nos valores pedidos e ofertados, foram as únicas a recuar, com queda de 18,57%. Com isso, baixaram de 140, nos seis primeiros meses de 2001, para 114 em igual período de 2002. Tendências - Os números de junho acentuam a tendência de queda no número de ações locatícias deste ano. Os 2.496 casos do mês passado representam recuo de 6,7% sobre os 2.675 casos de maio. Lembi alerta, contudo, que não é possível saber se a tendência já se consolidou. Primeiro, porque a queda do número de ações, a partir de maio, já é historicamente esperada. "Há um pico de inadimplência entre março e maio", explicou Lembi. A alta é motivada pelo descontrole das finanças pessoais, causado pelos gastos natalinos e dos primeiros meses do ano, como matrículas escolares e impostos. O segundo motivo é a instabilidade econômica, causada, em parte, pelas incertezas eleitorais. "A inadimplência pode aumentar, conforme a evolução da economia", avaliou. Leia mais sobre o setor de Construção Civil no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.

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