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Cresce risco de inflação acima dos 6,5%

Para evitar que o IPCA supere o teto da meta no ano, governo deve torcer para que o índice não passe dos 2,65% acumulados no 2º semestre

Por Victor Martins
Atualização:

O governo federal precisa torcer para que a inflação se comporte de julho a setembro - situação improvável na visão de analistas, por causa da recomposição parcial da conta de energia e do impacto do clima na produção de hortifrutigranjeiros - para que o índice não feche o ano acima do teto da meta.

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A alta do IPCA neste primeiro semestre, que ultrapassou em 0,5 ponto porcentual a inflação do mesmo período de 2013, deixou o governo sem margem. Ele precisa torcer para que a inflação não ultrapasse os 2,65% de alta acumulada nos próximos seis meses. Se ultrapassar, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, será obrigado a escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda dando explicações: o IPCA terá estourado o teto da meta, de 6,5%.

Esse cenário, pelos cálculos do BC, não é impossível: o risco de a inflação superar o limite é de 46%. O desempenho da inflação do primeiro semestre de 2014 foi o segundo pior do governo Dilma Rousseff, atrás apenas do primeiro ano, quando a carestia do período ficou em 3,87%. Esse resultado, no entanto, foi puxado pelo forte crescimento de 2010, quando o País avançou 7,5% e houve pressão sobre o preço dos serviços.

Estagflação. Os dados reforçam a tese de estagflação, uma combinação de economia praticamente estagnada e inflação alta. O custo de vida continua elevado em meio a uma previsão de crescimento anual, feita por economistas consultados pelo Banco Central, de apenas 1%.

A equipe econômica torce para que não ocorram novos choques de alimentos. O IPCA também não pode repetir os resultados de 2012 e de 2013 no segundo semestre, quando acumulou inflação de 2,68% e de 3% respectivamente.

“O BC espera uma desaceleração modesta e que está em linha com a do mercado. Mesmo comportado no mês a mês, as projeções para o IPCA estão perto do teto da meta, em 6,5%”, disse Mauro Schneider, economista-chefe da CGD Securities.

Copa. A avaliação de integrantes da equipe econômica é de que “boa parte” dessa inflação de junho foi provocada pela Copa e deve ser revertida em julho e agosto. Os técnicos do governo chamam a atenção para o boletim Focus, do BC, que semanalmente reúne projeções de analistas, para subsidiar a argumentação de que o custo de vida vai ceder. Eles lembram que o IPCA 12 meses à frente está em 5,89%, abaixo de 6%.

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Para Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC, o dólar é a variável chave para a inflação. Ele pondera que com os programa de swap do BC e com a política de juros baixos nos EUA, a divisa não deve gerar pressões adicionais.

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