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Cresce rivalidade entre Airbus e Boeing

Fabricante francesa fez ontem o voo inaugural de seu A350, que chega ao mercado para concorrer com o Dreamliner da americana

Por REUTERS
Atualização:

O mais novo jato de passageiros europeu, o Airbus A350, fez um voo inaugural ontem após oito anos de desenvolvimento e investimento estimado em US$ 15 bilhões. Observado por 10 mil funcionários da Airbus e espectadores, o jato esguio decolou da fábrica da empresa em Toulouse, no sul da França, sob céu nublado, com seis tripulantes que usaram paraquedas e trajes em cores alaranjadas. A aeronave decolou com toneladas de equipamentos de teste a bordo.Com esse voo, a Airbus inicia uma série de testes com o objetivo de colocar a aeronave em operação até o fim de 2014. O A350 tem entre 270 e 350 assentos e pode fazer voos de até 15 mil quilômetros. O diretor comercial da Airbus, Jonh Leahy, não perdeu tempo em ressaltar os benefícios da aeronave logo que um de seus motores Rolls-Royce impulsionaram o A350 pela mesma pista que o supersônico Concorde usou para decolar pela primeira vez, 44 anos atrás. "Viram como foi silencioso?", perguntou. "As pessoas que estiverem nos aeroportos nem vão perceber que estamos decolando." O mais novo avião da Europa completou com sucesso o seu primeiro voo. Construído com materiais 50% mais leves do que os compostos de metal, o A350 voou durante quatro horas sobre o Sudoeste da França e o Atlântico, antes de voltar a Toulouse, onde aterrissou às 14h05. O A350 é a resposta da Airbus para o 787 Dreamliner da Boeing e vai disputar vendas de clientes interessados em uma nova geração de aviões mais leves, produzidos com fibra de carbono e projetados para economia de combustível e abertura de novas rotas de longa distância. A Boeing foi a primeira a revolucionar o mercado com materiais de carbono, e seu Dreamliner, até o momento, superou o A350 em vendas: foram entregues 833 aeronaves a 57 clientes. Com vendas de 613 aviões a 33 clientes, a Airbus espera alcançar e desafiar o avião da fabricante estadunidense, em parte por sua característica de baixo ruído. "Estou falando com companhias aéreas para programar pedidos. Acredito que teremos alguns anúncios em breve", disse Leahy. Segundo analistas, a Airbus está em conversas com a Singapore Airlines, Kuwait Airways e Air France. O sucesso do A350 "vai garantir o futuro da indústria por 20 anos", disse o presidente da Airbus, Fabrice Brégier, pouco antes do primeiro voo. A fabricante acredita que o mercado de longa distância pode ultrapassar as 5 mil unidades em 20 anos e tanto Brégier como o diretor comercial, Leahy, afirmaram a vontade de tentar assegurar metade dessas vendas.Previsões. As vendas devem exceder muito às dos grandes aviões, como o gigante A380, que responde por apenas 262 pedidos e 103 entregas cinco anos e meio após o lançamento.A Boeing espera um mercado de US$ 1 bilhão para essa categoria de aeronaves para as próximas duas décadas. O A350 e o 787 estão competindo para obter a maior fatia desse bolo. Apesar de ser mais caro que outras aeronaves - o preço de tabela do A350 é US$ 300 milhões -, o interesse comercial do novo avião da Airbus está em uma economia de combustível em torno de 25% na comparação com as aeronaves tradicionais. Além disso, as companhias aéreas vêm sofrendo pressão para reduzir as emissões de poluentes e ruído para cumprir com regulações cada vez mais rigorosas. Resultado. O sucesso do primeiro voo pode contribuir para impulsionar os pedidos do A350, ainda inferiores aos do 787, da Boeing. O voo de ontem ocorreu três dias antes do salão aeronáutico de Paris - o que tem sido interpretado como uma grande sacada de marketing da Airbus, já que a Boeing quer usar o evento para garantir que as dificuldades técnicas do Dreamliner pertençam ao passado. Espera-se que, durante os 14 meses que vão durar os testes, o A350 não repita os problemas enfrentados pelo A380, que teve de esperar por dois anos e meio desde seu primeiro voo para ser entregue aos clientes. Christophe Menard, analista da Kepler Capital Markets, observou que, apesar dos 14 meses de atraso em relação ao calendário previsto para o desenvolvimento do A350, a Airbus se mostrou mais rápida do que a Boeing com o 787, que lançou a aeronave em 2011 com três anos de atraso.

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