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Crescer é para gente grande

O Brasil tem vantagens a oferecer no mercado de seguros, o que atrai investimentos de empresas estrangeiras. Mudar as regras, no entanto, atrapalharia o País

Por ANTONIO PENTEADO MENDONÇA
Atualização:

Depois de tentar o rumo errado, o Governo deu marcha-ré e decidiu criar uma "Agência Garantidora" em vez de criar uma seguradora estatal. A ideia pode ser genial. Ou não. Depende do que vai nascer, porque até agora o governo falou sobre ela, mas sem dar qualquer sinalização do que pretende.Se a "Agência" tiver como objetivo solucionar o problema da falta de capacidade das empreiteiras brasileiras para conseguir os seguros de Garantia de Obrigação Contratual indispensáveis para entrarem nas concorrências das grandes obras a serem realizadas no país, maravilha, estamos no rumo certo. Se a intenção for outra, corremos o risco de entrar na contramão do bom senso e podemos pagar caro pela experiência.O Brasil tem diante de si um universo de obras de todos os tipos, em todas as áreas. São centenas de bilhões de reais em investimentos novos, a serem realizados nos próximos seis anos. Não são muitos os lugares do mundo onde esta ordem de investimentos é realidade. No entanto, no Brasil, desta vez é para valer. E o que é mais sério, alguns projetos já estão atrasados. Quer dizer, não dá para continuar fazendo que vai, sem ir. Mas, para seguir adiante, é indispensável que haja planejamento, e isso não tem sido o nosso forte. Tanto que ainda estamos em fase de pré-discussão das reformas necessárias para aumentar nossa capacidade aeroportuária, sem o quê é de se esperar o caos, tanto na Copa do Mundo de Futebol, como nos Jogos Olímpicos.Se nossos problemas fossem apenas a realização destes dois eventos esportivos, o atraso da reforma das instalações aeroportuárias e da ampliação da malha aérea já seria suficiente para preocupar o país.Mas eles são apenas um pedaço do bolo. E não o mais importante. Os investimentos em geração e transmissão de energia hidrelétrica, transporte rodoviário e ferroviário, metrô, infraestrutura urbana, exploração de petróleo e produção de álcool são muito mais expressivos para o futuro da nação.Ninguém investe sem as proteções necessárias para garantir os investimentos e os retornos esperados. O Brasil não é exceção à regra. E a fórmula para proteger estes bilhões de reais está nas mãos da atividade seguradora.O setor está preparado para fazer frente a estes desafios. Atualmente as companhias de seguros em operação no país são empresas modernas, eficientes e com os canais necessários para conseguir a tecnologia e a capacidade para segurar satisfatoriamente todos estes riscos.Com a abertura do resseguro, o país deu um salto formidável rumo à modernidade. Como os riscos nacionais em geral têm baixa proteção e não são tão graves quanto os de várias outras partes do mundo, as seguradoras e resseguradoras internacionais estão interessadas em atuar aqui.É bom não esquecer que, além do Brasil ser um dos últimos mercados com forte potencial de crescimento para seguradoras e resseguradoras, o país está livre de uma série de riscos com alto potencial de destruição, que nos outros países custam anualmente bilhões de dólares em indenizações.Diz o caipira que "Deus não coloca o cavalo arriado na nossa frente mais do que uma vez". O cavalo está aí. É montar e aproveitar. Mas para fazer isso não basta vontade. É preciso também conhecimento, humildade e bom senso.Não adianta o governo inventar moda e, seja lá pela razão que for, baixar normas fora da realidade, como acaba de acontecer. As regras do mercado são inexoráveis. Que o digam a "Pan Am" e tantas outras empresas líderes, que, um belo dia, perderam competitividade e desapareceram.O Brasil deve jogar o jogo de acordo com as regras. Nós não temos poupança para fazer frente às necessidades de investimento, e muito menos de proteção, que a realização destas obras exige. Sem a participação internacional, elas não saem do chão. A melhor maneira de consegui-la é fazer a lição de casa como a SUSEP sabe que ela deve ser feita. Seguro e resseguro são atividades globalizadas e é por isso que funcionam. Pretender mudá-las é atrapalhar o país.É ADVOGADO, SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA ADVOCACIA, PROFESSOR DA FIA-FEA/USP E DO PEC DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS E COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO. E-MAIL: ADVOCACIA@PENTEADOMENDONCA.COM.BR

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