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Crescimento do Brasil vai cair para 3% em 2009, prevê OCDE

Atividade econômica do País vai recobrar a força perto do final do ano e em 2010, diz documento da entidade

Por Daniela Milanese e da Agência Estado
Atualização:

O crescimento econômico do Brasil vai cair para 3% no próximo ano, quase a metade do avanço de 5,3% a ser registrado em 2008, prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório divulgado nesta terça-feira, 25, em Paris. "A atividade deve perder ímpeto no primeiro semestre de 2009, devido ao atual aperto de crédito, mais vai recobrar a força perto do final do ano e em 2010", afirma o documento da entidade. Segundo a OCDE, o crescimento do PIB, ainda que menor, continuará sendo puxado pela atividade doméstica.   Veja também: Reino Unido lança novo pacote anticrise de US$ 30 bilhões EUA vão injetar US$ 20 bilhões para salvar o Citigroup De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise    "A economia não ficou imune à deterioração do ambiente financeiro global", nota a organização ao citar o aumento do risco, a queda do mercado de ações, a desaceleração do crédito e as medidas adotadas pelo Banco Central para estimular a liquidez.   Para a OCDE, o maior risco para a economia brasileira é uma piora mais expressiva das condições externas. "Novas quedas no preço das commodities podem aumentar as preocupações dos participantes do mercado sobre a resiliência das contas externas do Brasil, especialmente em um ambiente de maior aversão."   A organização acredita que a performance fiscal do País tem sido sólida, com superávit primário ao redor de 4,4% do PIB em 12 meses até agosto. Dessa forma, as metas devem ser atingidas. Mas os gastos com a folha de pagamento do governo estão subindo e o Orçamento de 2009 pode implicar na alta dos investimentos. "Reverter a tendência de crescimento dos gastos públicos está entre os principais desafios políticos do Brasil."   Balança comercial   A OCDE revisou para baixo as projeções para a balança comercial brasileira. O saldo deve fechar este ano em US$ 26,9 bilhões, antes os US$ 27,2 bilhões previstos no relatório anterior, divulgado em junho. Em 2009, o superávit comercial terá queda relevante, para US$ 18,4 bilhões - antes a entidade contava com US$ 19,2 bilhões.   Para a OCDE, as importações devem crescer mais do que as exportações, o que explica o comportamento do balanço. As vendas externas sentem o impacto da retração do preço das commodities e da demanda global. Dessa forma, a OCDE avalia que o déficit em conta corrente subirá de US$ 27 bilhões neste ano para US$ 35 bilhões em 2009.   Juro e inflação   A organização acredita que o ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central neste ano ainda não acabou. A entidade espera elevação dos juros no curto prazo, apesar da redução da diferença entre oferta e demanda. Para a OCDE, a alta da Selic será necessária para conter as pressões inflacionárias da desvalorização do real.   Segundo a organização, a inflação ao consumidor só deve convergir para o centro da meta de 4,5% em 2010. Neste ano, deve ficar em 6,3% e ainda persistir em 5,3% em 2009 - a previsão anterior para o próximo ano era de 4,5%.   Conforme a OCDE, a alta dos juros, no entanto, não deve ir além do primeiro semestre de 2009, quando a queda dos preços estará mais assegurada.

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