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Crescimento do PIB mostra uma luz no fim do túnel?; leia análise

A economia brasileira tem sido, em parte, puxada pela rápida recuperação da economia global, mas há incertezas em relação à vacinação

Por Marcelle Chauvet
Atualização:

A atividade econômica no Brasil teve um desempenho acima do esperado no primeiro trimestre de 2021. Os fatores que mais contribuíram para o crescimento foram a alta nos investimentos e nas exportações.

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Tem havido uma recuperação econômica robusta em países com maiores níveis de vacinação e contenção da pandemia, como os Estados Unidos, China e alguns países da Europa. Isso levou a um aumento dos preços das commodities e da demanda externa por produtos brasileiros. A taxa de câmbio desvalorizada também contribuiu para o aumento das exportações brasileiras.

A economia brasileira tem sido, em parte, puxada pela rápida recuperação da economia global, que deve crescer por volta de 5,8% este ano à medida que a vacinação é disseminada e os negócios voltam às suas operações normais. Existem várias fricções e disparidades no crescimento entre países, principalmente entre as economias emergentes, as quais têm o seu crescimento comprometido pela vacinação lenta de suas populações. 

Nos Estados Unidos, o crescimento esperado para 2021 é acima de 6%, tendo como fatores o elevado gasto do consumidor, na medida em que a economia e os negócios abrem, o governo despeja trilhões de dólares para ajudar a recuperação econômica e a política monetária é extremamente expansiva. A alta taxa de vacinação e os contínuos esforços do governo americano para vacinar a população associados a uma queda brusca nos novos casos de covid-19 sinalizam que a economia americana deve abrir completamente nos próximos três meses.

Comércio no centro de São Paulo: para alguns economistas, menor isolamento social, mesmo que abaixo do necessário para conter a doença, pode estar atrapalhando menos a economia. Foto: Alex Silva/Estadão - 26/4/2021

Existem, porém, riscos e incertezas que podem diminuir o crescimento nos Estados Unidos, principalmente com relação à evolução da pandemia, e esses riscos se multiplicam para o caso do Brasil, o qual tem crescido no vácuo da expansão econômica global, mas com elevado número de casos de covid-19. A rapidez na produção e distribuição de vacinas pode se desacelerar por motivos não previstos, enquanto que mutações podem levar a novos casos.

Esse cenário seria avassalador para o Brasil, já que os números de casos têm se mantido em patamares elevados. Novas ondas da pandemia e a lentidão na vacinação poderiam levar a maiores restrições de distância social, até mesmo autoimpostas pela população em face a óbitos elevados. 

Existe ainda o risco relacionado à alta inflacionária nos Estados Unidos, devido ao crescimento acelerado e a gargalos no setor produtivo, o que pode levar o Federal Reserve (o banco central americano) a um aumento antecipado dos juros, com uma possível correção no mercado financeiro, prejudicando os negócios e consumo, e provocando movimentos externos de capitais desfavoráveis ao Brasil.

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A luz no fim do túnel é clara e é o que tem estimulado o crescimento econômico mundial: vacinação acelerada e ampla da população permitindo uma abertura dos negócios e aumento do consumo. O Brasil precisa seguir a luz e sair do túnel.

Professora titular de Economia da Universidade da Califórnia

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