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Crescimento duradouro na AL depende de reformas, avalia FMI

Cenário externo favoreceu economias da América Latina, mas a manutenção do crescimento depende de reformas estruturais e melhora na performance fiscal

Por Agencia Estado
Atualização:

A América Latina desta vez tem boas chances de afastar os fantasmas do passado e iniciar um período de maior estabilidade econômica e de crescimento mais duradouro. Mas, para garantir isso, terá que continuar implementando reformas estruturais e melhorando sua performance fiscal. Essa é a conclusão do estudo "Volatilidade Macroeconômica: as lições políticas da América Latina", elaborado pelo diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anoop Singh. O economista observa que a América Latina tem obtido menos sucesso do que outras regiões na coleta dos benefícios gerados pelo intenso processo de globalização e democratização que marcou as duas últimas décadas. Segundo ele, a longa história de volatilidade macroeconômica da região (oscilações), aliada à fraqueza de suas instituições e instabilidade nas suas políticas econômicas serviram como o principal freio para uma performance mais favorável. "Entretanto, após as crises da década passada, há sinais encorajadores que estão sendo dados passos para fortalecer a estrutura política e sustentar ambientes macroeconômicos mais sustentáveis", disse. Cenário positivo Singh observa que a boa performance das economias latino-americanas nos últimos anos pode ser explicada parcialmente pelo cenário internacional favorável que predominou até o início deste ano, marcado por uma forte liquidez nos mercados (volume de negócios) e elevados preços das commodities. Mas avanços nas reformas e políticas econômicas sólidas parecem também estar contribuindo para os resultados positivos. "Estamos vendo esforços conjuntos para a consolidação fiscal e uma disposição para se enfrentar pressões inflacionárias em seu estágio inicial", disse. Isso, acrescentou, tem causado um padrão de crescimento mais equilibrado do que em recuperações anteriores e evitou uma valorização exagerada de moedas da região. Segundo ele, o ciclo atual tem sido apoiado por um crescimento forte de uma exportação mais diversificada, ancorado por moedas mais flexíveis e competitivas. "Os superávits em conta corrente resultantes elevaram acentuadamente as reservas e reduziram a dependência dos fluxos de capitais externos", disse. "Esses acontecimentos dão esperança de que a atual expansão será mais sustentável que nos ciclos prévios." Redução da dívida em dólar favoreceu Brasil Singh observa que o caso brasileiro ilustra bem a importância de se fortalecer os gerenciamentos das dívidas da região. "No Brasil, tem havido um progresso extraordinário na redução da fatia da dívida vinculada ou denominada em moeda estrangeira", disse. "Isso era uma fonte chave de vulnerabilidade que ajudou a alimentar a crise de 2002." Ele observa, no entanto, que os gerenciadores da dívida têm sido obrigados a fazer transações cuidadosas que são moldadas pelo apetite do mercado por instrumentos específicos. Desafios Singh acredita que a região ainda contará por algum tempo com um ambiente externo favorável para aprofundar seus progressos. "Entretanto, olhando para o futuro, a levando-se em consideração a história da região, não surpreende que eu daria importância primária à necessidade de mais passos políticos e institucionais para se reduzir a dívida pública e fortalecer a estrutura fiscal, entre os desafios de médio prazo", disse. Segundo ele, outras prioridades para a América Latina incluem a solidificação do compromisso com a inflação baixa, a melhora da intermediação financeira e a implementação de reformas estruturais para melhorar a flexibilidade macroeconômica.

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