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‘Crescimento robusto, só em 2020’

Para presidente da Iguatemi, otimismo desidratou e retomada só virá no próximo ano, após reforma da Previdência

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:

“Eu queria que essa fantasia fosse eterna”, cantarolou o presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Carlos Jereissati Filho. Ele citava o refrão da música Baianidade Nagô, de Daniela Mercury, para ilustrar a queda do otimismo com a economia brasileira desde a eleição de Jair Bolsonaro. Segundo ele, esse otimismo “desidratou” e a perspectiva de crescimento mais robusto para a economia ficou para 2020, já que as discussões sobre as reformas estruturais devem se estender até o fim do ano, mantendo um clima de incerteza sobre os rumos do País. “É mais um ano que passa sem grandes transformações”, disse. A seguir, os principais trechos da entrevista. 

"Muitas companhias não se prepararam para gerar possibilidades de crescimento próprio além dos greenfield (novos shoppings)" Foto: Amanda Perobeli/Estadão

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Qual a avaliação sobre o momento atual da economia?

A situação me lembra aquela música da Daniela Mercury que diz: ‘Eu queria que essa fantasia fosse eterna’... O Brasil evoluiu muito nos últimos 30 anos. Isso é inegável. Em relação a este ano, existia a expectativa de que o governo entrasse em campo jogando com muito mais agilidade. Acabou não acontecendo. Teve bate cabeça no início. É o governo de alguém que nunca havia estado no Executivo, mas que foi encontrando seus caminhos.

Como fica o País?

O brasileiro já percebeu o bem que a reforma da Previdência pode fazer ao País ao evitar privilégios e equilibrar as contas públicas. Essa discussão vai até outubro ou novembro. Enquanto isso, as pessoas ficam em compasso de espera, com pouco investimento. É mais um ano que se passa sem grandes transformações. Agora, todo mundo vai ficar olhando para 2020, acreditando que será um ano mais forte.

O governo será capaz de aprovar as reformas?

Não vejo como apostar contra essa reforma se alguém quiser o País minimamente estável. Precisa ser feita não apenas no sistema de Previdência federal, mas também nos Estados

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Quando a Iguatemi e outras empresas voltarão a ter o ímpeto para desenvolver um volume maior de novos shoppings?

Não se pode fazer investimentos com retorno no longo prazo sem a perspectiva de estabilidade. Na medida em que a reforma da Previdência passe, haja maior equilíbrio das contas e a economia volte a mostrar sinais de crescimento, não tenho dúvida de que muita gente vai começar a tirar da gaveta planos de investimentos em novos shoppings. Talvez isso ocorra em 2021. Hoje, temos o projeto da Cruz Vermelha (shopping de São Paulo, sem data de lançamento) e outros em estudo que só não foram anunciados porque não tivemos o momento correto para isso.

Quais as principais vias de crescimento para a Iguatemi?

Podemos fazer aquisição de participações adicionais em nossos empreendimentos e ampliações dos shoppings em funcionamento. A ampliação é opção menos arriscada, porque já conhecemos o volume de vendas do shopping, o tráfego de visitantes, o aluguel dos lojistas etc. Temos propriedades fortes e estamos buscando reforçar cada uma delas com iniciativas para melhorar a experiência dos visitantes..

O site será capaz de ampliar as receitas da Iguatemi?

Sim. O lojista vai pagar um porcentual das vendas do site. Isso cobrirá o que oferecemos ao lojista, desde a presença na plataforma até a logística.

O Iguatemi estuda fusões?

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Muitas companhias não se prepararam para gerar possibilidades de crescimento próprio além dos greenfield (novos shoppings). Nós, por outro lado, fomos criando espaço para crescer por muitas vias. Fusão não é algo no radar.

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