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Criação de vagas de trabalho nos EUA desacelera em julho e salários sobem

Banco central dos Estados Unidos pode, então, cortar a taxa de juros novamente, assim como o fez no final de julho, o primeiro corte desde 2008

Por Reuters
Atualização:

WASHINGTON - A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou em julho e os salários subiram moderadamente, o que, junto com uma intensificação das tensões comerciais entre EUA e China, poderá dar munição para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortar a taxa de juros novamente no próximo mês.

Economistas dizem que não está claro se a perda de impulso no nível de contratação foi devido à menor demanda por mão-de-obra ou à escassez de trabalhadores qualificados Foto: Kamil Krzaczynski/ REUTERS

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O relatório mensal do Departamento de Trabalho divulgado nesta sexta-feira veio após o presidente Donald Trump anunciar uma tarifa adicional de 10% sobre 300 bilhões de dólares em importações chinesas a partir de 1º de setembro, o que levou os mercados financeiros a precificarem quase que totalmente um corte de juros em setembro.

Na quarta-feira, o banco central norte-americano cortou a taxa de juros pela primeira vez desde 2008. Jerome Powell, chairman do Fed, descreveu o amplamente esperado afrouxamento da política monetária de 25 pontos básicos como um corte seguro contra os riscos negativos à expansão econômica e contra tensões comerciais e a desaceleração do crescimento global.

A criação de vagas de emprego fora do setor agrícola chegou a 164 mil no mês passado. No total, foram criados 41 mil empregos a menos em maio e junho do que o anteriormente reportado. Os ganhos de empregos em julho ficaram em linha com as expectativas dos economistas.

A guerra comercial entre EUA e China está afetando o setor manufatureiro, com a produção caindo por dois trimestre consecutivos. O investimento empresarial também foi atingido, mostrando queda no segundo trimestre pela primeira vez em mais de três anos e contribuindo para desacelerar a economia para um ritmo de crescimento anualizado de 2,1%. A economia cresceu a uma taxa de 3,1% no primeiro trimestre.

Os números de julho marcam uma desaceleração adicional na média de 223 mil postos por mês em 2018. Economistas dizem que não está claro se a perda de impulso no nível de contratação foi devido à menor demanda por mão-de-obra ou à escassez de trabalhadores qualificados.

Ainda assim, o ritmo de crescimento do emprego permanece bem acima dos cerca de 100 mil necessários por mês para acompanhar o crescimento da população em idade ativa. A taxa de desemprego permaneceu em 3,7% em julho.

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Apesar da menor taxa de desemprego em quase 50 anos, o crescimento salarial permanece moderado, contribuindo para um ambiente de inflação moderada, que poderá ser favorável a outro corte de juros no próximo mês. A inflação ficou abaixo da meta de 2% do Fed neste ano, subindo 1,6% em uma base anual em junho, depois de ganhar 1,5% em maio.

Os ganhos médios por hora aumentaram 8 centavos, ou 0,3%, em julho, após o mesmo aumento em junho. Isso elevou os ganhos anuais dos salários para 3,2% em julho, de 3,1% em junho.

O mercado de trabalho está sustentando a economia à medida que o estímulo do pacote de corte de impostos do ano passado diminui. O crescimento econômico no terceiro trimestre é estimado em cerca de 1,5%.

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