O ano passado foi fraco para a geração de empregos na indústria paulista. Segundo levantamento do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em todo o ano de 2005 foram geradas o equivalente a 20% das vagas criadas no ano anterior. Em 2005 foram criados 18.112 novos postos. Em 2004, 91.862. Apesar do resultado negativo, o cenário de contratações do ano passado foi melhor do que o registrado em 2003, quando houve recuo na criação de empregos industriais (0,24%). Em relação à variação, no ano passado, a alta foi de 0,97%, enquanto em 2004, a variação havia sido de 5,02%. "Um conjunto de fatores convergiu para o ano terminar de forma melancólica", disse o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, ressaltando que os juros altos (que fecharam 2005 em 18% ao ano) e o real apreciado (o que prejudica as exportações) desaceleraram a criação de empregos no setor. Pior variação O mês de dezembro já sinalizava o ano ruim para a indústria paulista. A queda de 0,96% verificada em dezembro ante o mês anterior é a pior variação desde novembro de 2001 - quando a queda foi de 1,17% - e ainda reduziu à metade o número de postos criados até novembro. No último mês do ano, foram cortadas 18.420 vagas. Não se trata, entretanto, de uma surpresa, já que dezembro é sazonalmente um mês de queda no emprego. Interior continua contratando As regiões de Piracicaba e Sertãozinho lideraram o emprego industrial de 2005, com uma expansão de 11,56% e 11,13% respectivamente. Nas duas regiões, a indústria foi puxada pelo setor sucroalcooleiro, beneficiado tanto pelas exportações quanto pelo avanço do consumo interno de álcool combustível. Na ponta negativa, Jaú e Franca foram os destaques, com quedas de emprego de 12,35% e de 7,19% ante 2004. O desempenho da indústria calçadista, forte nessas duas regiões, explica os recuos. Tanto a desaceleração das exportações quanto a concorrência dos calçados importados prejudicou o setor. Na semana passada, o estudo "Geração do Emprego Industrial nas Capitais e no Interior", feito pelo professor João Luiz Sabóia, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a pedido do Senai, concluiu que nos últimos cinco anos, de cada quatro empregos criados na indústria, três foram em cidades no interior do País.