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Criptomoedas caem no gosto do público investidor

Plataformas digitais facilitam acesso, mas alta volatilidade não pode sair do radar

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Por Redação
Atualização:
5 min de leitura
Getty Images 

As notícias recentes de recordes sucessivos tanto no valor como no número de negociações do bitcoin (BTC) no Brasil e no mundo reavivaram o interesse de potenciais investidores por uma classe de ativos um tanto distantes do conhecimento geral: as criptomoedas. Essas “moedas” não existem na forma física. São registros digitais que não dependem de bancos para sua custódia ou verificação das transações e que são protegidos por mecanismos de criptografia avançada. Ou seja, é mais uma disrupção trazida pelo avanço da tecnologia, nesse caso na área da intermediação financeira.

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As criptomoedas foram criadas por volta de 2009, a partir do desenvolvimento da tecnologia do blockchain, uma codificação avançada que consiste em reunir os dados de transações em blocos, que se ligam e se referenciam por meio de códigos de letras e números criando uma cadeia. O resultado é um grande livro-razão digital de transações que adiciona cada vez mais segurança ao sistema. O registro das transações é público, podendo ser acessado na rede, mas os detalhes são restritos às partes envolvidas.

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Embora tenha surgido como uma proposta de alternativa descentralizada de meio de pagamento, o bitcoin, a mais popular das criptomoedas, tornou-se ao longo dos anos, devido às suas flutuações de preço, um poderoso ativo de investimento. “O mundo estava carente de ativos escassos, como ouro e pedras preciosas, e o bitcoin tem escassez garantida pela matemática”, explica João Canhada, CEO da Foxbit, uma da maiores plataformas de negociação de criptoativos, as chamadas exchanges, do Brasil.

Essa limitação vem da própria criação do ativo. Quando o algoritmo da “moeda” foi escrito, foi estipulada uma limitação de até 21 milhões de unidades monetárias. A acredita-se que hoje sobram apenas 3 milhões de bitcoins para serem “descobertos” ou “minerados” no mercado. O preço das criptomoedas obedecem à conhecida lei da oferta e procura. Bitcoin Cash e Ethereum, por exemplo, também são alguns dos tipos de criptomoedas.

Além de suas características próprias, o produto se aproveitou da conjuntura para ganhar mais força na negociação. Os estímulos financeiros dos governos devido à pandemia elevaram no ano passado a base monetária de várias economias. Além disso, grandes investidores institucionais e empresas como a Tesla passaram a comprar bilhões de dólares em bitcoins. Em outubro, o PayPal decidiu aceitar criptomoedas em sua plataforma. A Coinbase, maior corretora do setor nos EUA, anunciou que estava em processo de abertura de capital. Enquanto isso, no Brasil, a busca por diversificação após a queda da Selic abriu espaço para a escolha de alternativas à renda fixa.

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Por causa da procura, a bola de neve só fez crescer. No final de fevereiro, o preço do bitcoin, que já vinha de alta no ano passado, atingiu US$ 58 mil e o valor de mercado passou de US$ 1 trilhão. No Brasil, as exchanges movimentaram R$ 20 bilhões em 2020, 75,7% mais que em 2019, segundo dados do Cointrade Monitor. Só em janeiro de 2021, esse valor alcançou R$ 9,3 bilhões.

João Canhada, da Foxbit - Foto: Acervo pessoal 

Vantagens e cuidados 

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É natural que tal movimentação atraia cada vez mais interessados e curiosos. A vantagem é que a digitalização e a presença no Brasil de players já consolidados na intermediação de criptoativos, como a Mercado Bitcoin e a Foxbit, ajudaram a democratizar o acesso a esse mercado. Em ambas as empresas, o cadastro para a abertura de uma conta é gratuito e é possível negociação a partir de R$ 50 ou R$ 20, respectivamente.

Ao contrário do que se pensa, o perfil do investidor não é agressivo. “Como é sabido que a volatilidade é inerente a essa classe de ativo (criptomoeda), o que muda é apenas a quantia que ele vai aportar”, comenta Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios da Mercado Bitcoin. Segundo o executivo, há exemplos de quem reserva entre 1% e 2% de sua carteira em bitcoin e se sente confortável para ampliar o apetite ao risco com o tempo.

As corretoras não cobram taxas de custódia nem de depósito, que pode ser feito por DOC, TED ou Pix, mas aplicam uma cobrança sobre os saques, numa soma entre valor fixo e porcentagem. A partir de 15 de março, a Mercado Bitcoin transformará essa taxa em crédito no aplicativo MeuBank. As outras cobranças são sobre as negociações de compra e venda, em taxas que variam de 0,25% a 0,70%. Nos dois casos, a tabela é regressiva e cai de acordo com o volume transacionado.

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Entre as vantagens de participar desse mercado, João Canhada cita a segurança do sistema e o acesso. “Com o fracionamento em oito casas decimais, dá para comprar R$ 30 de um bitcoin que custa R$ 300 mil”, exemplifica. Outro diferencial positivo é que o mercado não “fecha”, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana.

Entre os cuidados a ser tomados pelo investidor mais novato, Tota, da Mercado Bitcoin, cita a reputação da exchange. “Pegue referências, pesquise, pergunte a alguém do mercado. Certeza de ganho não existe.” Um alerta é sobre empresas sediadas no exterior. Por não estarem sujeitas às regras da Receita Federal no Brasil, o trabalho de juntar todas as informações para a declaração fica todo para o investidor. Assim como a operação de câmbio. Quem entra no mundo das criptomoedas também precisa saber que a volatilidade das cotações é normalmente bastante grande. (RL)

Legislação - Maior regulação está a caminho

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Como ocorre com qualquer produto ou serviço gerado pelos avanços da tecnologia, o uso das criptomoedas começa a chamar a atenção das autoridades do governo e do mercado a respeito de uma regulamentação. “Isso é natural. A inovação não pede licença e a regulação acaba vindo depois”, diz Rodrigo Monteiro, diretor executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), entidade que agrega as principais exchanges nacionais.

Movimentos recentes ilustram o maior reconhecimento da atividade. A Receita Federal publicou uma instrução normativa (1.888) em maio de 2019 oficializando a obrigatoriedade de declarar a propriedade de moedas virtuais e tokens (ativos digitais). Para a declaração de 2021, já existem campos específicos discriminados. Outra medida foi tomada no ano passado: o IBGE incluiu na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) o registro das exchanges. Enquanto isso, existem dois projetos na Câmara dos Deputados e um no Senado que tratam especificamente da regulação da atividade.

Monteiro afirma que o setor está adotando uma posição proativa, criando suas próprias regras de compliance. Já foram criados dentro da entidade um Código de Conduta e de Autorregulação e um manual de boas práticas para prevenção à lavagem de dinheiro.

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Aliás, a suspeita sobre a negociação de criptomoedas ser uma espécie de facilitador de atividades criminosas é uma fama equivocada, segundo Monteiro, logicamente alimentada pelo fato de usuários poderem enviar fundos para qualquer lugar do mundo instantaneamente. “É algo que vem do desconhecimento. A criptomoeda é totalmente rastreável, vai deixando traços eletrônicos. É possível para as autoridades chegar até o IP da máquina de quem negocia”, explica o executivo da ABCripto.

De fato, um estudo publicado em janeiro pela empresa global de análise de blockchain Chainalysis mostrou que, em 2020, apenas 0,34% de todas as atividades com criptomoedas no mundo tiveram alguma ligação com práticas criminosas. Boa parte disso referente a golpes envolvendo malware em máquinas de usuários. (RL)

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