PUBLICIDADE

Publicidade

Crise afeta negociação da CSA, diz Vale

Mineradora espera ser beneficiada por indenização antes de a sócia alemã, que hoje administra a siderúrgica sozinha, se desfazer do ativo

Por Monica Ciarelli (Broadcast) e RIO
Atualização:

A Vale descarta a possibilidade de a sócia alemã Thyssen Krupp desistir da venda da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), novela que se arrasta há mais de um ano. Para o diretor executivo de Ferrosos da mineradora, José Carlos Martins, a lentidão no processo tem como pano de fundo o a piora no cenário do setor.

PUBLICIDADE

"O negócio depende muito de timing. Provavelmente, a Thyssen entrou na hora errada e quer sair na hora errada", afirmou Martins. Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o executivo confirmou que o grupo alemão, antes de fechar a venda da CSA, terá de indenizar a siderúrgica por erros de gestão. Segundo ele, o tema já vem sendo discutido com os alemães.

O ressarcimento deve vir na forma de perdão de dívidas que a CSA tem com a Thyssen. A companhia alemã tem garantido sozinha a manutenção da operação da siderúrgica brasileira, aportando recursos na forma de empréstimos.

Martins, porém, não descarta a hipótese de uma disputa judicial em torno do valor da indenização. "Toda cláusula contratual está sujeita a disputas", diz. O executivo não quer mencionar valores e brinca: "Nós achamos que é grande; eles acham que é pequena." No mercado financeiro, as apostas giram em torno de R$ 300 milhões.

A origem da disputa está no acordo de 2009, que modificou o contrato original. Prejudicado pela crise financeira mundial, o grupo alemão pediu socorro à mineradora, que colocou mais R$ 2,5 bilhões no projeto e ampliou sua participação de 10% para 27% na siderúrgica.

Garantias.

No rearranjo societário, a Thyssen preferiu continuar sozinha na gestão. Para se garantir, a mineradora incluiu no contrato uma cláusula prevendo o reembolso, caso a siderúrgica perdesse dinheiro por erros cometidos por má administração. Em contrapartida, abriu mão de uma opção de venda, que obrigaria os alemães comprarem a fatia da Vale.

Publicidade

"Isso foi uma demonstração de que fizemos de tudo para ajudar o projeto. Abrimos mão de uma série de direitos, colocamos mais dinheiro lá - cedemos demais", afirmou. Agora, garante, a fase é de acompanhar o desenrolar das negociações da Thyssen em busca de um comprador para a fatia na CSA.

Nesse processo, o objetivo é garantir a manutenção dos direitos já adquiridos, como o contrato de longo prazo de fornecimento de minério de ferro e o reembolso por erros de gestão. "A eventual indenização por deficiências na implantação do projeto ou operação se enquadra entre esses direitos", diz.

Martins reiterou que a mineradora só irá se pronunciar sobre a venda quando a Thyssen apresentar uma proposta.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é a única na disputa pelas ações do grupo alemão. O negócio, segundo ele, tem esbarrado no momento crítico vivido pela siderurgia mundial.

Com mais de 35 anos de siderurgia, o executivo afirma nunca ter visto uma crise como a atual, que atinge todos os mercados. Mesmo na China, onde o mercado permanece mais forte, as siderúrgicas amargaram resultados mais fracos. "É a mais profunda crise que eu já vi", afirmou.

Apesar do quadro preocupante, Martins é otimista em relação ao futuro da siderurgia diante da necessidade de obras de infraestrutura, especialmente na China, principal mercado consumidor do minério de ferro produzido pela Vale.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.